No próximo dia 10 de março, as e os portugueses são, uma vez mais, chamados a escolher quem querem que os represente. Num cenário extremamente polarizado e perante a incerteza que pode advir dos resultados eleitorais, importa, mais do que nunca, reforçar o voto à Esquerda.
Em inícios de novembro de 2023, António Costa, que havia conquistado uma surpreendente maioria absoluta para o Partido Socialista, apresentou a sua demissão, pouco mais de um ano após tomar posse. Chegava ao fim o último capítulo da liderança de António Costa, cujo desfecho se deveu a uma constante dos últimos anos da maioria absoluta: os casos e casinhos.
Polémica atrás de polémica, o “pântano político” foi-se adensando até ao ponto em que se tornou insustentável. Com um Governo completamente desacreditado, não restou qualquer alternativa que não a convocatória de eleições antecipadas.
Importa, ainda, fazer menção a uma característica comum de todas as maiorias absolutas que governaram Portugal: nenhuma deixou saudades, e a de António Costa não foi diferente. A “estabilidade”, que tanto foi apregoada, refugiou-se atrás de truques e aldrabices que serviram para proteger os interesses financeiros à custa de quem trabalha e trabalhou a vida inteira.
Simultaneamente, no campo político-partidário, o PS aprofundou a estratégia de cavalgar a ameaça da extrema-direita chegar ao poder, a mesma linha política que permitiu alcançar uma maioria absoluta. Instrumentalizando as forças reacionárias, o PS retirou influência ao PSD, fazendo com que este partido, reconhecido, até então, como a principal força da direita, dependesse, cada vez mais, da extrema-direita. Este facto, conjugado com a fraca liderança de Luís Montenegro, conduziu ao que vemos hoje: a possibilidade real de um Governo fortemente influenciado pela extrema-direita (ou até integrando esta força política).
No plano concreto, no próximo dia 10 de março, estamos perante uma escolha: fazer melhor e aprofundar direitos ou permitir que o autoritismo se instale e as desigualdades se aprofundem.
Tanto à direita, como no PS, sabemos com o que contamos: enfraquecer os serviços públicos e assim dar lucros aos privados; manter a troika na lei laboral e impedir que os trabalhadores usufruam dos seus direitos; utilizar truques para justificar cortes na pensão e outras medidas de austeridade.
Como já escrevi anteriormente, o “centrão” (seja PS, com ou sem D) e a extrema-direita andam de mãos dadas. Cara e coroa da mesma moeda, no fim de contas servem ao mesmo senhor: o grande capital e os grupos económicos. Enquanto os donos disto tudo e os milionários enchem a carteira, o povo conta o pouco que tem para chegar ao fim do mês, fazendo escolhas difíceis entre alimentação, medicação ou aquecer a casa.
Se queremos acesso a habitação digna, ao trabalho com direitos, a uma Escola Pública de qualidade, a um atendimento condigno no Serviço Nacional de Saúde, ao salário que dê para pagar despesas, à valorização da pensão, ao direito à cultura e a transportes públicos que liguem o território, entre tantas outras questões, a alternativa está à esquerda. É à esquerda que lutamos por tudo isto - por uma vida boa.
No próximo dia 10, não se disputam apenas eleições. Disputam-se visões alternativas para o país e projetos de sociedade diferentes. Se queremos políticas justas e solidárias, que de facto sirvam os interesses da maioria da população, não podemos ficar em casa. A luta por um país melhor, pela transformação da realidade em que vivemos, passa por cada uma e cada um de nós.
Se queremos uma vida boa, se não temos medo de fazer o que nunca foi feito, o voto tem de ser no Bloco de Esquerda. Está nas nossas mãos mudar de rumo.
Artigo publicado no jornal Barcelos Popular a 15 de fevereiro de 2024