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Mau clima em Durban

Passados dois anos sobre a cimeira de Copenhaga e a maior mobilização social de sempre pela justiça climática, os países mais poderosos insistem em adiar o acordo que evite a catástrofe anunciada para o planeta.

A vigência do Protocolo de Quioto acaba em 2012 e tudo indica que o consenso que faltou em Copenhaga e Cancún também não será encontrado em Durban, a cidade sul-africana onde se realiza a 17ª Conferência do Clima da ONU até ao próximo dia 9 de dezembro.

Nem o alerta deixado pela Organização Meteorológica Mundial - de que 2011 encerra a década mais quente de sempre - parece abrir os olhos destes governantes que cimeira após cimeira têm adiado um acordo fundamental para travar o aumento da temperatura média no planeta e evitar catástrofes climáticas de grandes proporções ainda este século.

Como sempre, são os maiores poluidores que resistem a financiar alternativas e reduzir as suas emissões de carbono, recusando as metas que estão propostas em cima da mesa e que já dificilmente permitem alcançar o objetivo de limitar a 2ºC o aumento da temperatura neste século. E sem Estados Unidos, Japão, Canadá e Rússia, um possível acordo só irá regular 16% das emissões mundiais de CO2. Quanto aos maiores países em desenvolvimento, China, India, Brasil e África do Sul - que assinaram à última hora o documento proposto por Obama em Copenhaga, deixando a Europa de fora -  só aceitam prolongar os objetivos do protocolo de Quioto até 2020 se o seu cumprimento for voluntário e não vinculativo.

Numa altura em que a crise financeira está a deixar à vista de todos a podridão do sistema capitalista, que fomenta a miséria para a esmagadora maioria da população e concentra a riqueza nas mãos duma ínfima parte, não faltam razões para denunciar as suas consequências para o planeta, mais inabitável a cada ano que passa. A começar nos pequenos Estados do Pacífico hoje ameaçados de extinção, pela subida do nível das águas, sem esquecer o aumento da desertificação e dos fenómenos climáticos extremos que nos aguardam nas próximas décadas.

Mais uma vez, tudo indica que os interesses dos lóbis poluidores irão prevalecer sobre a evidência científica e a vontade comum dos povos de combater as alterações climáticas para não sacrificar as próximas gerações. É por isso que é necessária hoje uma alternativa política ecosocialista que faça valer a força da democracia sobre o lucro, em nome da Terra.
 

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