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Luaty Beirão: deixar morrer é matar

O Bloco de Esquerda apresentou na Assembleia Municipal de Lisboa um voto de solidariedade com Luaty Beirão e os 15 presos políticos angolanos. O voto foi aprovado com os votos contra do PCP que alegou tratar-se de uma ingerência no regime angolano.

Luaty Beirão tem 33 anos. Nasceu em Luanda e tem também nacionalidade portuguesa. Formou-se em engenharia e começou a cantar em 1994. Em Março de 2011 desafiou o regime angolano com um espetáculo de rap e hip-hop que exigia a demissão de José Eduardo dos Santos.

No dia 20 de Junho de 2015, Luaty e outros 14 jovens foram detidos sem mandado de captura numa casa em Luanda onde discutiam a situação política angolana e liam o livro “Ferramentas para destruir o ditador e evitar nova ditadura - Filosofia política da libertação para Angola”. Este livro, da autoria do jornalista angolano Domingos da Cruz, foi proibido pela censura angolana. Estiveram detidos 3 meses sem acusação formal. Estavam a ler um livro e foram acusados de preparação de golpe de estado.

Luaty está em greve de fome desde 21 de setembro. O ativista já perdeu vinte quilos e foi transferido para um hospital prisão. Em Angola as manifestações de solidariedade com estes presos têm sido brutalmente reprimidas e originado novas detenções. Concentrações e vigílias multiplicam-se internacionalmente. Vários artistas têm manifestado solidariedade com estes presos políticos.

O Bloco de Esquerda apresentou esta terça-feira na Assembleia Municipal de Lisboa um voto de solidariedade com estes presos políticos angolanos. O voto foi aprovado com os votos contra do PCP que alegou tratar-se de uma ingerência no regime angolano. Relembrámos os eleitos do PCP que houve um tempo em Portugal em que era proibido ler alguns livros, em que se era preso por reunir ou torturado por defender a liberdade e a democracia. E até houve quem tenha feito greve de fome para quebrar a ditadura. Votar pela solidariedade destes jovens em Angola é respeitar essa luta e essa memória.

Para além de Luaty, estão também presos Osvaldo Caholo, Afonso Matias, Albano Bingobingo, Nelson Dibango, Sedrick de Carvalho, Domingos da Cruz, Inocêncio António de Brito, Arante Kivuvu, José Gomes Hata, Luaty Beirão, Manuel Baptista Chivonde Nito Alves, Fernando Tomás, Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias e Chiconda ‘Samussuku’.

Liberdade já.

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Engenheiro civil.
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