O líder desse grupo leu em voz alta uma lista de nomes de crianças que frequentam escolas públicas em Portugal, apenas por terem nomes estrangeiros. O objetivo era claro: insinuar que estas crianças "roubam" o lugar dos nossos filhos e netos. Esta mentira repetida à exaustão revela não só um profundo mau caráter, mas também um desprezo pelas responsabilidades democráticas que os seus mandatos implicam. Foram eleitos por muitos portugueses — e também por alguns imigrantes — e, no entanto, atacam quem cá vive e trabalha, com base apenas na sua origem, cor da pele, religião ou identidade.
Muitos destes deputados dizem-se cristãos e, não raras vezes, católicos. Mas ignoram por completo os apelos do Papa Francisco à generosidade no acolhimento de migrantes e refugiados, e ao esforço para "incrementar e simplificar a concessão de vistos (...) e o reagrupamento familiar". Em vez disso, o fascista-mor e os seus cúmplices preferem erguer barreiras: dificultam que pais possam trazer os filhos para junto de si. E, tragicamente, o governo de Luís Montenegro alinha com esta política de exclusão e crueldade.
Podem ir à missa todos os dias — mas isso não apaga o mal que fazem. Pactuar com este discurso é normalizar a perseguição: começaram com os ciganos, depois os mais pobres, seguiram-se as pessoas racializadas, os moradores de bairros sociais, os imigrantes. Agora leem listas de nomes de crianças em pleno Parlamento, como se estivessem a identificar criminosos.
É só a mim que isto faz lembrar as perseguições aos cristãos no Império Romano? Ou as perseguições aos judeus pelo IIIº Reich? Ou aos democratas durante o Estado Novo? É caso para questionar: até onde chegará o fascismo?!
