Ímpar

porLuís Fazenda

25 de setembro 2025 - 11:12
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A candidatura de Catarina é a única, até agora, que defende incondicionalmente os Direitos Humanos, seja nos EUA ou na China, seja na Rússia ou em Odemira. Seja em El Salvador ou em Torre Pacheco.

As eleições presidenciais de 18 de Janeiro revestem-se de especial significado. Não se trata, como habitualmente, de eleger um presidente que impulsione mais umas políticas que outras no normal democrático. O risco de que cresça o espaço da extrema-direita é credível e isso traduz-se numa ameaça para as liberdades.

Neste contexto, é imprescindível não desistir do combate à esquerda. Não desistir de propor um país solidário longe das desigualdades e do mesmismo.

Resistir apenas pode ser entendido como defender o mesmo e, por exemplo, desejar um candidato liberal tão à direita que assegura, sem hesitação, que dará posse ao líder do Chega para primeiro-ministro se vencer as eleições, mesmo sem maioria. Ou andar de candeia na mão na demanda de um sebastião do mesmo perfil, talvez até um desalojado do Banco de Portugal. Falhada a hipótese de um candidato de consenso da oposição democrática, não vale virar as costas à cidadania.

É esse o sentimento e a razão da candidatura de Catarina Martins. Uma candidatura que se reivindica da solidariedade e das funções de cuidado do Estado, da segurança social ao clima, da proteção da natureza ao mundo do trabalho, da solidariedade dos povos pela paz e desarmamento multilateral. A solidariedade contraria o individualismo e o supremacismo desenfreados que hegemonizam a agenda dos nossos dias.

A candidatura de Catarina é a única, até agora, que defende incondicionalmente os Direitos Humanos, seja nos EUA ou na China, seja na Rússia ou em Odemira. Seja em El Salvador ou em Torre Pacheco. Este posicionamento é todo um programa para uma leitura progressista da Constituição. Os jovens precários são os destinatários desta mensagem e são convocados para alterar a relação de forças, não de um golpe mas de um tempo.

A candidatura de Catarina, talvez só, partilha da visão de uma civilização livre das energias fósseis e do nuclear.

A candidatura de Catarina perspetiva uma Europa diferente, a que pertencemos, uma Europa social, igualitária e pacífica. Uma Europa que não desdenha ameaças venham de onde vierem, da Rússia ou outras. A cooperação europeia em matéria de defesa é a única cooperação credível. Trump encarregou-se de demonstrar este ponto.

A candidatura de Catarina é vigilante das políticas do governo de direita e, em primeiro lugar, das medidas sobre habitação urbana e incêndios rurais. O horizonte da urgência de soluções de fundo, como a regulação do arrendamento urbano ou o banco de terras na floresta. Sim, a Catarina vai bater-se contra a eliminação prática da justa causa para despedimento laboral. E vai apontar o dedo à crueldade do leilão dos impostos aos mais ricos, num país com tantas necessidades de cuidado público.

Quando a sorte da Palestina é a medida de toda a humanidade, importa que se assinale a consequência de sempre no reconhecimento do Estado da Palestina, quando tempo é de travar o genocídio de Gaza.

A força de ser solidária é indissociável de ser mulher e cidadã. E é com essa diferença que se empodera a luta pela igualdade. Recordo o valor das campanhas de Lurdes Pintasilgo e Marisa Matias. Precisamos de todas e todos nessa viagem de futuro. Ser militante ou apoiante desta candidatura é a oportunidade de uma escolha inconformada. Não a perderemos.

Sobre o/a autor(a)

Luís Fazenda

Dirigente do Bloco de Esquerda, professor.
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