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Greve geral: Por um Portugal com futuro
Dia 14 de Novembro de 2012, vai realizar-se uma Greve Geral convocada pela CGTP, que é de todos e para todos os que sofrem os efeitos brutais da política de austeridade e empobrecimento que a Troika nos impõe e que o governo PSD/CDS tão diligente e servilmente aplica “ custe o que custar “. A cegueira ideológica de cariz neoliberal e autoritário é tal, que só ouvem a voz dos “ mercados “ e põem em causa os fundamentos básicos da democracia.
Esta Greve Geral é para parar o aumento vertiginoso do desemprego que já em Agosto chegava a 15,9%, ou seja, 1 milhão e 393 mil homens e mulheres sem trabalho, apesar do disparo da imigração e da redução da taxa de actividade. A acrescer a esta verdadeira catástrofe, a precariedade e o desemprego entre os jovens atingem níveis nunca antes alcançados (35,9% com menos de 25 anos) e a tendência é para crescer, segundo a OIT.
Esta Greve Geral é para recusar os cortes nos salários directos e indirectos, a redução das prestações e da protecção sociais (fundo de desemprego; pensões).
Esta Greve Geral é para inverter e anular as alterações ao Código de Trabalho, que facilitam os despedimentos, baixam os valores das indemnizações, atacam a contratação colectiva e os sindicatos e apostam tudo na individualização das relações de trabalho.
Esta Greve Geral é para impedir novas privatizações em sectores estratégicos como a ANA, CGD, TAP, CTT, RTP e ÁGUAS de PORTUGAL e evitar a criação de mais rendas monopolistas que parasitem a economia.
Esta Greve Geral é para responder ao ataque aos serviços públicos (saúde; educação; segurança social; justiça) onde a palavra de ordem do governo é cortar. É para evitar o desmantelamento do Estado Social que lutamos.
Esta Greve Geral é para dar continuidade às exigências cidadãs de 1 milhão de pessoas que a 15 de Setembro saíram às ruas em dezenas de cidades deste País, sob a consigna “Que se Lixe a Troika! Queremos as Nossas Vidas” e que em 29 de Setembro, convocadas pela CGTP mas onde todos tiveram o seu lugar, voltaram a encher o Terreiro do Paço, transformando-o uma vez mais no Terreiro do Povo e também aí gritaram bem alto pela demissão do governo.
O novo pacote de austeridade/brutalidade – o maior aumento de impostos da democracia portuguesa - anunciado de modo atabalhoado pelo ministro das Finanças, na tarde anterior à discussão das Moções de Censura do Bloco de Esquerda e PCP, que assim quiseram dar voz ao povo e levaram a censura das ruas à Assembleia da Republica e ao mesmo tempo obrigaram o governo a dizer às vítimas o que já antes tinham negociado com Bruxelas.
Este “ assalto à mão armada” só reforça as razões de todos os cidadãos que sofrem na pele tamanha exploração, e TODOS sem excepção devem participar na construção e êxito desta LUTA. Todos são necessários e bem-vindos.
Esta Greve Geral “não é uma greve só de protesto, é sobretudo uma greve de propostas alternativas para o País”, afirma e bem o secretário-geral da CGTP.
Mesmo os que por razões obscuras e com falsos argumentos procuram denegrir e recusam convergir nesta luta, sabem que não podem evitar a unidade de acção de todos os trabalhadores nos locais de trabalho. A força da razão e consciência dos trabalhadores é superior a quaisquer apelos e decisões de direcções desligadas da vontade dos que dizem representar. Falo da UGT.
Esta Greve Geral deve revestir-se duma forma que junte todas as organizações sindicais sem nenhum tipo de condicionalismos e alargar socialmente às organizações e movimentos de desempregados; precários; reformados; estudantes; pequenos e micro empresários. Não excluir ninguém e juntar forças para que as acções de rua que nesse dia e por esse país fora se irão realizar tenham um forte carácter popular.
A Marcha Contra o Desemprego que está desde o dia 5 de Outubro a percorrer todo o País, tem por si só uma forte marca de força, resistência e exigência relativamente ao principal problema com que os trabalhadores todos os dias são confrontados. Tomou uma importância ainda maior com a convocatória da Greve Geral e por isso merece todo o nosso envolvimento e apoio.
A Greve Geral de dia 14 de Novembro em Portugal, pode assinalar um avanço enorme na luta dos trabalhadores europeus, concretize-se na prática a vontade já expressa pelos dirigentes máximos das centrais sindicais de Espanha CCOO, UGT, CIG e outras organizações que fazem parte da Cumbre Social de fazerem convergir a sua luta contra o governo de Mariano Rajoy para esse mesmo dia e teremos finalmente uma GREVE GERAL IBÉRICA.
Há ainda a possibilidade de uma maior articulação e convergência das lutas à escala Europeia, caso na reunião do Comité Executivo da CES – Confederação Europeia de Sindicatos, sejam decidas lutas noutros Países do Sul como a Grécia, França e Itália.
Vimos, os sindicalistas do Bloco de Esquerda, há muito tempo e em vários fóruns a propor a realização urgente de acções de luta coordenadas, pelo menos nos Países do Sul, que permitam responder à violência dos ataques a que os cidadãos têm vindo a ser sujeitos.
O ataque é global, as respostas têm de ser nacionais mas também à escala da União, reivindicando com radicalidade e firmeza uma resposta europeia contra a especulação dos mercados financeiros.
Consideramos que este é um caminho a seguir, pois potencia a unidade e luta dos trabalhadores europeus. Exige-se um patamar de resposta popular superior, face à intervenção da Troika, que junta crise à crise, recessão à recessão nos países onde já actua directa ou indirectamente.
É assumindo esta postura internacionalista, que no plano nacional tudo faremos para que a Greve Geral de 14 de Novembro em Portugal seja um grande passo para correr com a troika e contribua para o fim desta política e a demissão deste governo.
Viva a Greve Geral, a nossa luta também é internacional.
Comentários
Quando li a referência aos
Quando li a referência aos pequenos e micro empresários veio-me à cabeça o que ouvi ontem na televisão da boca de António Saraiva: não falta vontade de fazer uma greve geral de empresários.
A minha ingenuidade não vai ao ponto de imaginar que esta muito hipotética greve se pudesse fazer em concertação com uma greve de trabalhadores, sobretudo se convocada pela CGTP. Há distâncias que não se transpõem facilmente.
Mas os empresários da economia real, especialmente os que não têm poder negocial nas suas relações com o sector financeiro, estão objectivamente entre os portugueses prejudicados pelas políticas económicas da troika - e sabem disso, tal como sabem do viés ideológico e da consequente irracionalidade destas políticas. Uma aproximação visível a estes empresários poderia não ter resultados que não fossem simbólicos; mas a participação de alguns deles na greve geral, ainda que muito reduzida, teria um enorme poder simbólico.
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