Não é necessário dizer que a greve é um direito que assiste aos trabalhadores. Direito para o qual muitas lutas foram travadas.
Também penso não ser necessário referir que o objetivo de uma greve é o de provar a necessidade de determinado serviço – a falta que o mesmo faz. Logo, não é de estranhar que os/as trabalhadores dos CTT tenham aderido a uma greve nesta época, ainda mais quando foi tornada pública a intenção de reduzir, e quando se fala em redução, significa mesmo despedimento, cerca de 800 pessoas.
Estamos a falar de 800 pessoas, mas a minha postura seria a mesma se se tratasse de 100 ou de 50. 800 Pessoas, provavelmente 800 famílias que nos próximos tempos terão a sua vida condicionada pela decisão errada da privatização dos CTT, com vista nos lucros e em prole de grandes aumentos nos vencimentos da administração. Nada de novo, não é? Tornou-se comum em Portugal.
Já a coragem destes 800 – leia-se oitocentos - trabalhadores é de louvar! É uma lição de luta. Luta pelos seus direitos. Luta pelos seus postos de trabalho! Luta pela qualidade dos serviços que prestam.
A mim indigna-me a desconsideração e os comentários tecidos à volta desta greve, como que se de um momento fixe, entre trabalhadores chateados com a vida, se tratasse e que o fazem para prejudicar todas as pessoas que usam os serviços dos CTT.
Um momento em que a malta se junta e decide fazer greve porque é Natal e tal. Perante tanta insatisfação face à falta de qualidade do serviço que tem sido prestado; face às horas de fila de espera; face à demora na receção do mais variado correio, seria de esperar que todas as vozes de indignação se juntassem à destes trabalhadores que lutam, não só pelo seu “ganha pão”, como pela qualidade da oferta de serviço.
Mas não! Mais uma vez, julgam-se os trabalhadores pela suposta falta de bom senso em fazer grave nesta altura do ano, como se as greves tivessem de ser combinadas previamente com os patrões (neste caso, umas administrações que vivem acima dos vencimentos de 800 pessoas). Eu sou prejudicada com esta greve, assumo! Mas entre as minhas encomendas e 800 pessoas que podem perder os seus trabalhos, as encomendas perdem toda a importância.
Artigo disponível em acores.bloco.org