Vamos aos factos:
1. Em Lisboa existe capacidade instalada para partos que é superior àquela que de facto é necessária. Porquê? Porque existem na cidade 4 serviços de obstetrícia-ginecologia: MAC, Santa Maria, Estefânia e S. Francisco Xavier. E nos últimos 10 anos, o Estado decidiu aumentar a capacidade instalada na Estefânia e em S. Francisco Xavier, sabendo de antemão que nestes dois locais o número assistencial era baixo e não se previa que aumentasse. Na MAC também foram realizados investimentos avultados de melhoramento das instalações a única diferença da MAC para as outras duas é que esta tem vindo a aumentar o número de mulheres que atende. Existem 3 investimentos, dois fúteis e um muito proveitoso – então qual é a decisão do ministro? Fechar o investimento que valeu a pena! Já os seus antecessores foram negligentes com o Estado ao gastarem dinheiro em algo que não era necessário mas Paulo Macedo quer ser ainda mais negligente, deitando ao lixo o único dinheiro que foi bem aplicado.
2. A MAC está situada numa zona de excelência da cidade de Lisboa. Central, junto ao metro, numa zona rodeada por hotéis e apartamentos de luxo, ocupando todo um quarteirão, tem uma zona verde na sua frente e com acesso muito rápido a várias saídas por auto-estrada da cidade. Não precisamos de mais justificações para perceber a dimensão do seu valor imobiliário.
3. A elite que dirige a MAC tem poucas influências sobre o poder atual. O corpo clínico que tem liderado esta maternidade nos últimos anos é um grupo de profissionais altamente diferenciados, cuja vida é dedicada àquela instituição e cujo interesse nos jogos de influência do poder é muito baixa. Produziu poucos quadros para a ARS de Lisboa, para a Ordem dos Médicos e para a estrutura dirigente do Ministério da Saúde, logo tem pouco poder de lobbying e de jogos sujos de bastidores, ao contrário de muitas outras instituições de saúde da cidade.
4. Para além dos partos, a MAC produz atividade altamente diferenciada em outras áreas, como a gravidez de risco, a inseminação artificial e o tratamento da infertilidade ou os cuidados intensivos neonatais. Estas são áreas que começam a ser apetecíveis a muitas instituições privadas e às parcerias público-privadas existentes.
5. O Hospital de Loures precisa dos doentes da MAC. O contrato de parceria estabelecido entre o Estado e o grupo BES Saúde determina que em Loures tenham que ser atingidos um número anual pré-definido de partos, caso contrário o consórcio privado tem que indemnizar o Estado por não cumprimento do contracto. A pressão feita pela equipa da Eng. Isabel Vaz junto do ministério é enorme e Paulo Macedo não é capaz de lhe resistir.
6. Fechar a MAC, um serviço de saúde de excelência, de qualidade de nível mundial, é dizer aos cidadãos que em Portugal o SNS de qualidade que se organizou nos últimos 30 anos não tem mais futuro. Fechar a MAC é enviar uma mensagem a todo o país, dizendo que este governo não está cá para premiar o esforço, a qualidade, a excelência e os bons resultados mas sim para fechar todos estes locais e entregá-los ao sector privado, porque no público ficará o pior, o de menor qualidade e o mais barato – o SNS para os pobrezinhos.
O sentimento de todos os trabalhadores e de todos os utentes desta instituição é quase palpável – é o sentimento de injustiça, de ingratidão, de desespero de quem está a ser castigado por um crime que não cometeu e pelo contrário ajudou a combater. Todas as ações e intervenções que foram e serão feitas em nome desta instituição têm a dimensão do país porque fechar a MAC é o símbolo mais elementar da reta final da destruição do SNS. Estaremos todos a salvar o SNS das garras da austeridade enquanto mantivermos aberto este local de vida!