As eleições presidenciais e os trabalhadores

porAntónio Chora

09 de janeiro 2011 - 0:31
PARTILHAR

As eleições de 23 de Janeiro são talvez as mais importantes dos últimos anos, elas podem definir o futuro próximo dos trabalhadores e da população.

Os trabalhadores devem envolver-se na campanha eleitoral para a Presidência da Republica, pois o tempo que vivemos é de crise, nacional e internacional, é um tempo em não são as pessoas que elegem quem os governa, mas sim os grandes grupos económicos, as personagens indigitadas para a Comissão Europeia em Bruxelas e para o banco central europeu e nenhuma destas figuras responde democraticamente perante os povos.

Por isso, as eleições de 23 de Janeiro são talvez as mais importantes dos últimos anos, elas podem definir o futuro próximo dos trabalhadores e da população em geral, pois perante erros, senão mesmo cedências à direita, levadas a cabo nos últimos 5 anos de governação, a direita quer, 37 anos depois do 25 de Abril, ter um governo, uma Assembleia e um Presidente e com isso ajustar contas com os trabalhadores e a Constituição.

O candidato da direita, Cavaco Silva, que governou o país do meio da década de 80 a meados da década de 90 é bem conhecido no distrito de Setúbal pois esses foram os anos da fome, foram os anos em que D. Manuel Martins, pelas criticas que fazia à governação neo-liberal de Cavaco era apelidado de Bispo Vermelho, tal apelido nunca impediu D. Manuel Martins de, ele sim, combater a fome e a miséria que as governações neoliberais implementaram no distrito. O candidato presidente Cavaco Silva afirma ter trazido para cá a Autoeuropa, mas omite que foi com ele que se iniciou o processo de deslocalização da Renault, omite que inaugurou, no parque Autoeuropa a INAPAL METAL e a SPPM do grupo SLN, ao lado de Dias Loureiro, e que uma já fechou e a outra está intervencionada para não fechar.

Também neste distrito, o candidato da direita deu início ao desmantelamento da nossa frota de pesca, tal como à redução da produção de tomate e arroz, obedecendo cegamente como arauto dos mercados, às imposições de Bruxelas. Foi também neste distrito que o agora candidato enquanto primeiro-ministro, exerceu a maior repressão sobre o povo depois da Revolução, as cargas policiais com bala real levadas a cabo na ponte 25 de Abril.

Os representantes dos Trabalhadores no distrito de Setúbal, não esquecem o que passaram com tal governação e os mais novos tampouco esquecem a submissão aos interesses da especulação financeira nacional e internacional de que o candidato Cavaco Silva é o principal apoiante. Hoje, os representantes dos trabalhadores têm a obrigação de tudo isto recordar e denunciar nos seus locais de trabalho, temos principalmente o dever de dizer em quem os trabalhadores não devem votar e os trabalhadores não devem votar nos que sem pudor, continuam a dizer que devemos falar baixinho e de preferência bem dos mercados, não vão estes parasitas zangarem-se. Temos o dever e a obrigação de denunciar a hipocrisia de um candidato que diz estar acima dos partidos, que diz não ser um político, como se não tivesse sido ministro das finanças no início dos anos 80, Primeiro-ministro durante 10 anos e Presidente da Republica nos últimos 5, isto só tem um nome, hipocrisia.

Como sindicalistas, temos o dever de dizer aos trabalhadores que se a direita está unida, chegou a hora de unir a esquerda e unir a esquerda é votar no único candidato que tem condições para obrigar a uma segunda volta. Unir a esquerda é votar no candidato que dedicou toda uma vida na luta pela liberdade e pela democracia. Unir a esquerda é votar no candidato que nos traz a esperança de um cumprimento integral da Constituição, é votar no candidato que defende políticas de solidariedade, que defende o serviço nacional de saúde e a escola pública de qualidade.

Unir a esquerda, é canalizar os votos para o candidato que defende o sistema social europeu, que defende a integração de Portugal numa Europa que deve estar ao serviço dos povos e não da especulação financeira.

Unir a esquerda e derrotar a direita é para nós, representantes dos trabalhadores, votar no candidato que quer uma saída da crise solidária e pela esquerda e esse candidato é Manuel Alegre.

António Chora
Sobre o/a autor(a)

António Chora

Dirigente do Bloco de Esquerda. Coordenador da CT da Volkswagen AutoEuropa. Deputado municipal no concelho da Moita.
Termos relacionados: