Dia 11 de Julho é Dia Mundial da População e neste dia a Pordata divulgou uma série de dados e informações sobre a situação da população portuguesa. Estes dias, muitas vezes desvalorizados pela maioria das pessoas, ajudam-nos a focar a nossa atenção em problemas que existem e, sobretudo, reflectir sobre eles para lhes encontrar soluções e respostas.
Um dado relevante neste estudo é que as pessoas com 65 ou mais anos são já quase 24% do total da população portuguesa, o que corresponde a 2,5 milhões de pessoas. Portugal é, a seguir à Itália que está em primeiro lugar, o segundo país com mais pessoas idosas na União Europeia. Se em 1960, a esperança média de vida era 64 anos, em 2021 esse número sobe para os 81 anos. Em 2022, Portugal tinha 2940 pessoas com cem ou mais anos. Apesar deste avanço em número de anos de vida, isso não tem correspondência ao nível da qualidade de vida, o que aliás é a percepção negativa desta população relativamente à sua saúde (30%) muito acima da média da UE que está nos 19%. As nuvens negras que pairam sobre esta população idosa são uma vida pouco saudável e o risco de pobreza.
Segundo o estudo divulgado pela Pordata, 17% das pessoas com 65 anos ou mais “estavam em risco de pobreza, mesmo depois de receberem transferências sociais, como pensões e outros apoios do Estado.” Se essas transferências não existissem, essa percentagem subiria para 86%. Em 2021, mais de 400 mil idosos viviam com menos de 551€/mês, ou seja, abaixo do limiar da pobreza. Neste número, a fatia maior de pessoas idosas pobres são mulheres, muitas delas com a categoria de “domésticas” que nunca fizeram descontos e que chegam à velhice como a sociedade sempre as considerou, invisíveis.
Por este estudo fica clara a interligação entre a saúde e a pobreza, mas também a escolarização. A sociedade tem de olhar para este segmento da população já tão significativo e que está a crescer, respondendo no imediato aos problemas de autonomia, de mobilidade e de doenças crónicas que se agravam à medida que os anos avançam, sem ignorar os maus tratos e a solidão que não é apanágio dos idosos que vivem no interior, mas também nas grandes cidades. É arrepiante o número de idosos com alta dos hospitais, mas que por lá ficam porque ninguém os vais buscar… A cobertura de lares e residências para idosos no território português é inferior a 9% e o apoio familiar anda nos 4,8%, mas as respostas do futuro têm de ser exigentes e ter uma visão que acolhe as necessidades e as vontades desta população que é discriminada porque percepcionada de forma estereotipada como frágil, incapaz e menor. As actividades de lazer, de convívio, culturais, de exercício físico e de produção criativa precisam ser inscritas nos programas governamentais e autárquicos, mas antes do mais têm de entrar definitivamente na cabeça da sociedade, de todos nós, para que olhemos para a idade maior com outros olhos e sobretudo, com respeito. Um dia, se tudo correr bem, também lá iremos parar.
