Estamos a duas semanas da eleição da Assembleia Legislativa da Madeira. Vamos a eleições na sequência do escândalo de corrupção em que, alegadamente, metade dos membros do governo regional estarão envolvidos. Este governo regional de arguidos, cujos membros implicados são fortemente suspeitos da prática de alegados crimes graves, não têm condições éticas para continuar a governar a nossa Região. Pena que a oposição democrática na Assembleia não tenha percebido isto antes e tivesse que ser o partido fascista de extrema-direita, que havia dado a mão a Miguel Albuquerque, aprovando o seu programa de governo, a avançar com a moção de censura, metendo os restantes partidos “no bolso”.
A verdade é que com a saída da Esquerda do Parlamento, em maio de 2024, deixou de existir quem, de uma forma determinada, firme e aguerrida “encostasse Albuquerque à parede”. A ausência do Bloco de Esquerda da Assembleia, nestes últimos meses, fez com que as pessoas percebessem que os problemas que as afligem ficassem para segundo plano, sem qualquer resolução. Não trataram de resolver o problema da habitação, que hoje está mais grave e que atinge cada vez mais famílias. Não trataram de resolver os problemas da saúde, hoje mais graves do que há um ano atrás, com rupturas frequentes de medicamentos para doenças graves, falta de respostas ao drama da toxicodependência, falta de respostas às enormes listas para cirurgias, consultas e outros atos médicos. Não melhoraram a vida de tantos trabalhadores que auferem vencimentos de miséria que não chegam para pagar a casa, a alimentação e as despesas mais básicas nem combateram a precariedade do trabalho e da vida de tantos conterrâneos nossos que vivem mergulhados nas mais absoluta pobreza, apesar de exercerem uma atividade laboral. Não garantiram uma descida de impostos que deixasse mais algum dinheiro no bolso de quem pouco tem. Não aprovaram legislação que combatesse a corrupção e o compadrio, implementando um regime de incompatibilidades e impedimentos para os titulares de cargos políticos que acabasse com as “ligações perigosas” entre a política e os negócios. Enfim, nada fizeram para ajudar a Madeira e os madeirenses a terem uma vida melhor.
Tendo em conta esta atitude de passividade dos eleitos nos últimos 10 meses, são muitos os cidadãos que nos dizem que o Bloco faz falta no Parlamento. Quem se habituou a ver o Bloco lutar contra os desmandos do regime, a não dar tréguas a Miguel Albuquerque, a combater a corrupção e a denunciar o compadrio, a não calar nem consentir perante os abusos cometidos contra os nossos conterrâneos, sabe que o regresso do Bloco de Esquerda ao Parlamento é uma necessidade e será a garantia de que, os eleitores, terão quem os defenda onde tudo se decide. Por isso, não valerá de muito dizer que o Bloco faz falta se, no dia 23 de março, as pessoas não forem votar para eleger uma forte representação parlamentar do BE, com força suficiente para defender os direitos do povo e obrigar o próximo governo, seja ele qual for, a resolver os problemas com que nos confrontamos. De amanhã a duas semanas o poder estará na mão do povo: ou elegem deputados que, como os do BE, os vão defender ou, caso contrário, continuaremos atolados no lodaçal em que este governo de arguidos nos colocou. A decisão é sua, e só sua, amigo (e)leitor.
Artigo publicado em dnoticias.pt a 8 de março de 2024
