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Contra os Trabalhadores, as Empresas e os Jovens

O Governo, qual quadrilha, em reunião secreta decidiu suspender as reformas antecipadas para todos os que tiverem mais de 57 anos de idade e no mínimo 30 anos de descontos, decisão secretamente aceite e publicada pelo chefe.

Esta decisão, é contra os trabalhadores com longas carreiras contributivas, trabalhadores que começaram a sua atividade no mínimo há 30 anos, alguns há 40, outros há mais anos e que mesmo assim recorrendo à reforma antecipada viam reduzido o valor da pensão em 6% por cada ano que faltava para idade mínima de reforma.

Esta decisão, é contra os Trabalhadores braçais e intelectuais, mas é também contra as empresas. Hoje, os custos de investimento por posto de trabalho são enormes, a sua rentabilidade resulta essencialmente dos ritmos de produção acelerados e do número de operações por período, ritmos que trabalhadores com 55 ou mais anos de idade não suportam nuns casos, ou já são vítimas de doenças profissionais noutros.

Enquanto na Europa as grandes empresas utilizam sistemas de reforma antecipada para renovar os seus quadros e assim se manterem competitivas, (como é exemplo a Volkswagen na Alemanha onde os trabalhadores nascidos entre 1955 e 1959 foram convidados a voluntariamente e em função dos anos de trabalho recorrer á reforma antecipada), em Portugal, as criaturas que nos governam e o seu chefe, optam exata e secretamente pelo contrário.

As reformas antecipadas na Volkswagen alemã permitem a admissão anual de mais de 1500 jovens com contratos permanentes, jovens, cujo salario de admissão sendo inferior ao salário do trabalhador que sai, permite por um lado a empresa subsidiar parte da pré-reforma e por outro, reduzir custos e fruto da idade e capacidade dos jovens admitidos aumentar a produtividade

Na Volkswagen Autoeuropa, a Comissão de Trabalhadores tem reclamado e contribuído para a adoção de uma medida semelhante, ou seja, permitir a reforma antecipada de trabalhadores com idades e tempos de contribuições previstas na Lei (agora rasgada pela quadrilha governamental), trabalhadores que já não aguentam o ritmo de quem constrói um carro em cada 80 segundos, substituindo estes por jovens formados na ATEC, ou jovens desempregados. Não vamos em nome dos nossos trabalhadores, dos jovens estudantes e desempregados deixar de lutar por um projeto para o qual há já um trabalho bem adiantado.

Os trabalhadores, as empresas, os jovens e os desempregados vão ser as primeiras vítimas da suspensão das reformas antecipadas, por essa razão, temos que mostrar às criaturas que tomaram tal medida, que a mesma é mais uma que somada aos custos dos combustíveis, aos custos logísticos, ao aumento e criação de novas portagens e às dificuldades no acesso ao credito, só contribuem para o afundamento da economia e aumento do desemprego.

Os trabalhadores não podem ficar reféns dos que hoje, como há 10, 20 ou 30 anos refugiando-se na ideologia reclamam pelos direitos adquiridos sem propostas, nem tampouco dos que querem o regresso ao século XIX, ou seja, ao trabalho sem direitos. Mas há organizações de trabalhadores que têm ideias, que entendem que as reformas antecipadas devem ocorrer e permitir que por cada trabalhador reformado neste âmbito seja admitido um jovem desempregado, que os quadros superiores que a tais reformas adiram devem ter um tempo para formação de jovens licenciados, que empresas que renovem o seu pessoal através deste sistema e desde que comprovadamente aumentem a produtividade, devem por um lado receber incentivos para a formação de novos trabalhadores e por outro, contribuir em termos de IRC com uma percentagem para a segurança social, ou, em alternativa, continuarem a descontar em sede de Taxa Social Única sobre a percentagem equivalente à diferença entre o salário pago ao novo trabalhador e o que pagava ao que saiu para a reforma antecipada, isto até que o novo trabalhador atinja o salário do que se reformou.

Sei que as criaturas que nos governam e sistematicamente nos mentem só veem aumento da produtividade no aumento dos horários de trabalho (que até as empresas recusam), ou na flexibilidade dos horários anuais, isto deve-se ao facto de tais criaturas tarde ou nunca terem chegado ao mercado de trabalho, (basta olharmos para o seu passado para vermos que muitos vieram das escola para as “Jotas” e destas para a partidocracia e daqui, furto de promessas que esperam nunca cumprir para os Governos, (esta é uma situação que se olharmos com atenção para o quadro partidário só tem tendência a agravar-se) mas que nos compete a nós representantes dos trabalhadores, denunciar.

Infelizmente, as criaturas que nos governam, na esmagadora maioria não têm ideias que vão para além de acautelarem o seu futuro pessoal, apontam todas as soluções para 2015, ano de eleições, é provável que aí nos venham dizer que “afinal as coisas correram melhor que o esperado e que se pode dar de novo subsídios, reformas etc”, será Sol de pouca dura, continuando esta política, pagaremos as dívidas aos amigos da quadrilha, amigos que lhes darão empregos no final do seu mandato, mas ficaremos um pais mais pobre e miserável.

Nem mesmo acabando com o feriado do 1º de Dezembro nos esqueceremos de que quem nos vendeu a Castela no final do século XVI, é, na segunda década do século XXI, a mesma gente que nos vende à Troika, há quem diga que a historia não se repete, neste caso e por métodos democráticos esperemos e trabalhemos para que repita.

Aproveitemos as comemorações do 25 de Abril e do 1º. de Maio, para em todo o pais nas cidades e nas Aldeias, nas Vilas e nas Freguesias, denunciarmos esta gente e as suas políticas.

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Coordenador da CT da Volkswagen AutoEuropa. Deputado municipal no concelho da Moita.
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