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Bancos pagaram menos 40% de impostos

Os conselhos de administração dos grupos financeiros são cada vez mais o verdadeiro governo do país.

Numa altura em que são exigidos grandes sacrifícios aos portugueses mais desfavorecidos, um recente documento da Associação Portuguesa de Bancos, torna público que os bancos portugueses em 2009 pagaram menos 40% de impostos que no ano anterior.

Obviamente que tal diminuição não resulta de nenhuma significativa diminuição dos lucros. O sector financeiro vai de vento em popa, mesmo quando muitos sectores da economia se afundam, gerando um galopante desemprego. Quando se tem um enquadramento fiscal feito "por medida", os aumentos de impostos são uma questão que só afecta os outros...

Perante tais factos, torna-se evidente que os motivos do défice das contas públicas que o Governo PS e o PSD invocam para imporem uma verdadeira extorsão legalizada estão, não nos salários, no investimento público ou nas insuficientes prestações sociais, mas no verdadeiro escândalo que são os baixos impostos pagos pelos grupos económicos e pelo capital financeiro, cujos lucros continuam a crescer.

Os conselhos de administração dos grupos financeiros são cada vez mais o verdadeiro governo do país.

Quando estes têm problemas, lá está o orçamento do Estado para colmatar com milhões os buracos gerados por opções deliberadamente erradas e incompetentes. O caso do BPN e BPP - onde foram consumidos mais de 5 mil milhões de euros de recursos públicos - é o exemplo mais escandaloso...

O anúncio de que em breve começarão a subir novamente os spreads nos empréstimos concedidos a mais de 2 milhões de famílias, particularmente os que estão ligados à habitação, testemunham o caminho que os grupos financeiros estão a percorrer no nosso país.

Impor à banca a obrigatoriedade de pagamento de uma taxa efectiva de IRC de 25% e garantir um controlo público sobre o sector, são medidas indispensáveis para mudar esta escandalosa situação.

Sobre o/a autor(a)

Professor e historiador.
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