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Até Sempre, Camarada!
Eu, que tive o privilégio de com ele partilhar Lutas, vitórias e derrotas, alegrias e tristezas, aprendi rapidamente a respeitar e admirar o Homem, de uma verticalidade a toda a prova, e o Político brilhante que, muitas vezes sozinho no Parlamento, desarmava completamente o governo e os adversários políticos que com ele debatiam. Dono de uma capacidade política e intelectual muito acima da média, o Paulo foi, sobretudo, um Homem de Convicções! Nunca se deixou corromper e manteve-se sempre fiel à causa que defendeu: a da defesa mais desfavorecidos e desprotegidos. Lembro-me das discussões apaixonadas que tínhamos com regularidade, e de um dia, numa dessas discussões, com uma lágrima no canto do olho, dizer-me que tudo o que queria era dar um modesto contributo para deixar a Região – que ele tanto amava, e pela qual tanto lutou – um pouco melhor do que a encontrou. Lembro-me das suas palavras quando afirmava que a luta verdadeiramente revolucionária era a “luta de classes”. Perante a minha expressão de desconfiança reforçava: “Se os revolucionários não se empenharem na luta de classes, dificilmente teremos uma sociedade sem exploradores e sem explorados. Essa é a verdadeira Revolução e o principal objetivo da luta de classes: uma sociedade sem amos nem senhores, onde a riqueza seja equitativamente distribuída e todos possam ter condições para viver com dignidade”! Que grande lição! Eu, na minha ingenuidade e na minha ignorância, não tinha até então compreendido que a “luta de classes” não era mais que a Luta pela erradicação da exploração do homem pelo homem. Não tinha compreendido que “Uma Terra Sem Amos” não era mais que uma sociedade socialista, livre da exploração, onde todos pudessem viver com dignidade. Muito diferente do modelo de sociedade actual e, como dizia o Paulo, o oposto dos regimes totalitários que usaram, abusivamente, o nome do socialismo em vão! Foi nesse dia que decidi, definitivamente, que a Luta tem que continuar, independentemente de quantas batalhas perdemos e de quantas ganhamos. Fica em paz Paulo! Não vamos desistir, como tu não desististe! Muito fizeste pela nossa terra, e ela é melhor porque por cá passaste! Continuaremos a tua Luta, que é também a nossa Luta! Contra a exploração e por uma Terra Sem Amos! Até Sempre, Camarada!
Artigo publicado no jornal “Diário de Notícias da Madeira” em 8 de outubro de 2014
Comentários
É verdade, a luta
É verdade, a luta verdadeiramente revolucionária é a luta de classes e ela aí está, mais acesa do que nunca. Não é uma luta entre patrões e empregados, mas é uma luta entre ricos e pobres, é uma luta entre explorados e exploradores, é uma luta entre o mundo do trabalho e o mundo da finança e é também uma luta entre imperialistas e subjugados. Aqueles que há uns anos julgavam estar acima das dificuldades, compreendem agora que a luta é de todos contra o neoliberalismo e a desregulamentação total dos mercados.
Paulo Martins foi um exemplo de como a luta deve acontecer. Infelizmente nos últimos tempos e com as eleições à vista de um ano, muitos são aqueles que se movimentam para apanhar a boleia das muitas promessas de um lugar ao sol, ao lado daqueles que nos trouxeram até aqui. Esses não estão ainda perdidos para a luta, mas têm certamente um grande caminho a percorrer com avanços e recuos em que a cada passo se aperceberão de que o caminho mais sinuoso nem sempre é o mais bonito.
Até sempre camarada!
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