Uma vez mais, o país vai a eleições. Marcado por casos e casinhos que mancham a democracia e a política, o contexto atual não é diferente.
Foi noticiado, recentemente, que o atual primeiro-ministro, Luís Montenegro (LM), está envolvido numa situação extremamente inaudita, pondo em causa a sua integridade. De acordo com as informações disponibilizadas, o líder do PSD estava ao serviço de um grupo de casinos, a Solverde, no que é mais um caso que ilustra a promiscuidade entre o poder político e os interesses económicos.
Face à gravidade da situação, e com sucessivas comunicações ao país para parcos esclarecimentos (que mais se tratou de tristes atos de vitimização), o Governo apresentou uma moção de confiança na Assembleia da República. Ao invés de se demitir perante os factos gravíssimos, LM procurou passar todas as responsabilidades para o Parlamento, para que os partidos decidissem se o Governo teria, ou não, condições para continuar em funções.
Aquando da discussão desta moção, a 11 de março, assistimos a um circo deprimente, com a responsabilidade de servir o país a dar lugar a um jogo político de batata quente entre PS e PSD (isto porque nenhum dos partidos queria ficar com o ónus da queda do Governo). Como seria de esperar, a moção foi rejeitada, o Governo caiu e eleições legislativas foram marcadas para 18 de maio.
Com esta breve contextualização é possível compreender a difícil situação que o país vive. Os que mais prometem estabilidade são aqueles que, sucessivamente, têm levado Portugal por maus caminhos, com políticas que atacam a vida das pessoas. Os mesmos que apregoam responsabilidade governativa são os que nos dizem que temos de saber viver com pouco, porque mais importante que aumentar salários e pensões é garantir que os empresários têm lucros. É preciso mudar, é preciso melhor e diferente.
Precisamos de uma classe política séria e corajosa, que coloque o país e a sua população à frente de quaisquer jogadas políticas. Precisamos de verdadeiros representantes do povo, que lutem por todos e não apenas por uns poucos. Precisamos de transparência para fazer face à realidade nebulosa que marca a atualidade e que afasta as pessoas da política.
A solução também não está na extrema-direita, que cresce em todo o mundo perante o falhanço desastroso das políticas neoliberais que têm governado os vários países, representados pelos partidos do centrão. Interessa a estas forças políticas bradar o ódio e a discriminação, como se a solução para os problemas que enfrentamos passasse por atacar os setores da sociedade mais marginalizados. A lógica desta narrativa passa por propagar promessas vazias e fraudulentas, que não se adequam à realidade. Ao procurar dividir o povo, a extrema-direita apenas quer ocupar o papel de fiel representante dos grandes grupos económicos.
A alternativa para tudo isto está à esquerda. Transformar a sociedade, dar uma vida melhor a quem trabalha, e trabalhou toda a vida, garantir um país de iguais, entre tantas outras questões, não é algo irrealista, nem está assim tão longe do nosso alcance. E são precisamente essas ideias que o Bloco de Esquerda defende. Para estas eleições legislativas apresentamos, como primeiro candidato do distrito de Braga, Francisco Louçã. Certamente muitos já saberão quem é, uma figura da esquerda portuguesa e um lutador com provas dadas.
Perante a ameaça de um Governo com a presença da extrema-direita, mas também a possibilidade da estagnação e austeridade de um Governo do centrão, é preciso uma alternativa de esquerda, séria e corajosa. No próximo dia 18 de maio, temos uma escolha a fazer e, da minha parte, já sei em quem vou votar. Porque precisamos de quem serve o povo, não de quem se serve dele.
Artigo publicado no jornal Barcelos Popular a 3 de abril de 2025
