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Ambiente e trabalho: todos juntos na luta toda!

Não existe contradição entre defesa do ambiente e defesa dos postos de trabalho. A contradição é entre ecosocialismo e capitalismo.

Quase ninguém desempregado, com fome em casa ou despesas para pagar quererá lutar pelo ambiente! Aquilo que se passa com as indústrias poluentes é um exemplo: em regra, os seus trabalhadores não saem à rua em defesa do ambiente mesmo sabendo que a atividade da empresa polui; é que está em causa a sua sobrevivência imediata.

Mas não existe contradição entre defesa do ambiente e defesa dos postos de trabalho. A contradição é entre ecosocialismo e capitalismo (menos ou mais eco). Como aponta o programa do Bloco, a emergência climática acompanha a emergência do controlo estatal dos sectores estratégicos e a recuperação dos direitos dos trabalhadores de forma a melhorar a sua estabilidade de vida.

As medidas de reconversão industrial em Portugal têm de ser acompanhadas de medidas concretas de proteção dos postos de trabalho em novas empresas não poluentes garantindo os postos de trabalho dos trabalhadores afetados. As promessas a prazo, os discursos agradáveis ao ouvido mas sem consequência dos poderes dominantes não podem continuar a ser a matriz.

A emergência ambiental está a par da emergência dos direitos dos trabalhadores. Estamos juntos na luta toda!

As pessoas afetadas por encerramento de empresas poluentes têm ainda de ter apoio a reformas antecipadas e prolongamento de subsídios de desemprego, prévias garantias de direitos e trabalho em novas empresas, reconversão e formação profissional… Nem que o Estado tenha de assumir nacionalizações como na EDP ou a criação de empresas públicas ou com participação pública, por exemplo na fabricação de painéis solares – não existe uma única em Portugal.

É evidente que o mundo vive um período de emergência climática. Todos sabem que os fenómenos extremos estão a aumentar em frequência e intensidade. Todos sabem do degelo dos glaciares e da tendência de subida do nível do mar com efeitos na salinização de rios, como o Tejo e destruição da costa…

“Assaltemos as muralhas” das fronteiras para fomentar alternativas anti-conservadoras. A Europa deve estar na linha da frente!

É evidente que as políticas de Trump negando as alterações climáticas e aumentando a exploração de combustíveis fósseis a partir do xisto, de Bolsonaro incentivando a aceleração da destruição da floresta amazónica inclusivamente recorrendo à matança de índios, de Putin acirrando conflitos pela disputa de zonas petrolíferas e de gás, de muitos novos governantes de direita e extrema direita negacionistas das alterações climáticas, precisam de um contra-poder europeu.

A consigna “todos juntos na luta toda” representa a necessidade dos movimentos ambientalistas se unirem aos sindicatos e a outros movimentos mobilizadores, à escala nacional e europeia!

Precisamos de um novo Fórum Social Ambiental e Laboral Europeu.

É necessário reforçar uma esquerda alternativa e social, europeia e combativa, que confronte a União Europeia com a sua impotência e desagregação.

Isto renova a necessidade de debelar os tratados europeus que protegem as multinacionais e cerceiam a independência dos Estados. Vamos tentar ganhar a opinião pública, ganhar alianças sociais, fazedores de opinião… Vamos fazer “voz grossa” europeia! Todos juntos na luta toda!

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Energia e Águas de Portugal, SIEAP.
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