Em 2009, nas Legislativas, a maioria dos portugueses não votou em nenhum dos partidos que nos tem governado ao longo destes anos: PS, PSD, CDS. Ou se abstiveram, ou optaram pelo voto nulo ou acreditaram numa alternativa com o voto noutra força política fora dos partidos da alternância. Foi essa minoria social (PS, PSD e CDS) que, por terem alcançado uma maioria na Assembleia da República com 45% dos votos dos eleitores inscritos, alcançaram 86% dos lugares no Parlamento.
Tem sido assim: desde 1976 que a governação no nosso país tem sido divida entre estes três partidos: 1976 – PS; 1979 – PSD/CDS (AD); 1983 – PSD/CDS (AD); 1985 – PSD; 1987 – PSD; 1991 – PSD; 1995 – PS; 1999 – PS; 2002 – PSD; 2005 – PS; 2009 – PS; 2011 – PSD/CDS.
A par desta alternância sem alternativa, a abstenção tem vindo a atingir níveis abismais, a corrupção e a ligação entre os governantes e as empresas privadas com quem lidaram no Governo aumenta.
O voto é a maior fiscalização que a democracia conhece. Mais do que qualquer comissão de inquérito, tribunal, repartição de finanças ou provedor da Justiça, o voto é a arma do povo para julgar aqueles que recebem um mandato para governar as grandes escolhas para o país.
A abstenção significa uma abstenção nas urnas de voto, mas não implica uma abstenção total nas escolhas para o futuro. Quem não vota, também está a votar, também está a escolher.
Nestas eleições, não faltam razões para julgarmos quem nos disse que andamos a viver acima das nossas possibilidades. Aguiar Branco, cabeça de lista da coligação de Direita no Porto é ministro da Defesa e, ao mesmo tempo, advogado da Metro do Porto – agora em processo de privatização pelo Governo ao qual ele pertence. Marco António Costa, que se segue na mesma lista depois de Aguiar Branco, é também membro deste atual Governo e está a ser investigado pelo DIAP por falcatruas nas contas do anterior executivo da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.
A venda da REN e da EDP foi efetuada abaixo do preço de custo, ou seja, lesou as contas do Estado e não defendeu o interesse público, segundo o Tribunal de Contas. Perdemos recursos, perdemos autonomia, o Estado é esvaziado das suas responsabilidades e capacidades e, a seguir a isso, os mesmos que destruíram ou venderam a preço de saldo os instrumentos que nos podiam tirar da crise dirigem-se a nós dizendo que cá, a terra onde nascemos, é só para quem pode e não para quem quer.
Não te afastes da política e não dês carta branca a que outros se afastem dela para se governarem depois de governar. A reprodução de interesses é a base de um sistema obscuro e pouco claro em quem nos tem governado (mentindo) e quem mais ganha com as privatizações e a negociata. O dia 4 pode servir para lhes dizer: Não passarão! Escolhe escolher.
