João Ricardo Vasconcelos

João Ricardo Vasconcelos

Politólogo, autor do blogue Ativismo de Sofá

É normal esperarem-se maiores deveres de integridade, responsabilidade e ética em altos responsáveis do que num trabalhador base.

O pior que pode acontecer em toda esta história da Portugal Telecom é não tirarmos lições do sucedido. Sobretudo não percebermos os efeitos nefastos do Estado abrir mãos de empresas em setores estratégicos para o país.

O Ministro da Educação ainda permanece no cargo. Como se o atual cenário se tratasse de uma aceitável contingência. Como se o caos no início do ano letivo fosse algo perfeitamente normal.

Por mais que o Governo repita que a reforma dos suplementos na Administração Pública não tem o propósito de proceder a reduções remuneratórias, ninguém o consegue levar minimamente a sério.

Depois de uma fase em que militantes e simpatizantes viram-se obrigados a escolher um lado e a vilanizar o outro, com naturais consequências negativas na opinião pública, o ambiente no PS começa a clarificar-se.

PS e PSD agirão sempre como Dupond e Dupond nestes momentos, procurando que sobressaiam diferenças que não existem ou divergências de fundo que nunca ninguém conheceu.

O Governo que mais buracos criou na estrada da natalidade, prontifica-se agora a oferecer amortecedores e capacetes a quem queira percorrer a referida estrada. É bonito, sem dúvida.

O ator político pode mover-se quase à vontade, fazer e prometer o que entender, dizer uma coisa e o seu contrário no espaço de poucos dias, que dificilmente será responsabilizado por tal facto.

No meio de toda esta novela BEStial, na qual nos perdemos nos meandros e detalhes, como no meio de golpadas e trafulhices, ficamos mais uma vez com a terrível perceção sobre como funciona este gigante português.

O lançamento desde tipo de grandes programas, agendas ou estratégias é normal na atividade governamental. O que nos leva então a sentir a milhas o cheiro a show off político?