Francisco Louçã

Francisco Louçã

Professor universitário. Ativista do Bloco de Esquerda.

Zorrinho, líder parlamentar do PS e habitual porta-voz de Seguro, usa hoje o Correio da Manhã para atacar a esquerda:

A esquerda precisa de uma maioria e de um presidente para retirar o poder da obscuridade da finança e entregá-lo à responsabilidade da democracia.

O ministro que sai acusa os ministros que ficam de não saberem o que querem ou, se sabem, de não lutarem pelo que querem. Na tempestade, o navio está à deriva.

A resistência à bancarrota só se pode organizar na luta contra a dívida, com a proposta de um compromisso político para uma maioria que rejeite e termine o Memorando.

Termina sábado o Festival e o Forum, com um grande debate com Aleida Guevara sobre a “experiência da América Latina”, onde começaram as maiores contestações das últimas décadas contra os programas de ajustamento estrutural. Mas ontem foi dia de política: Eric Toussaint apresentou o seu livro recente sobre a dívida, Chantal Mouffe conduziu um debate sobre as diversas interpretações estratégicas acerca dos movimentos de rua, e Slavoj Zizek falou sobre “o amor como categoria política”.

De 4 a 18 de Maio, Zagreb enche-se de estranhos sinais nas ruas principais, anunciando um festival de cinema subversivo ou um festival subversivo de cinema – a língua inglesa é muito traiçoeira. Milhares de pessoas participam na discussão de filmes e, depois, nos fóruns por onde passa a filosofia, política, psicanálise, história, testemunho de movimentos sociais e debates de estratégia. A esquerda junta-se nos Balcãs.

Os resultados da Islândia podem surpreender muita gente. Mas não surpreendem pelo menos quem avisou contra a imprudência da austeridade como mal menor, dos discursos sobre austeridade inteligente ou de outras trapaças. E são uma lição para todos. Uma lição dura.

Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff argumentaram que os países mais endividados têm menor crescimento. Ora, o artigo que escreveram está errado. Um artigo crítico demonstra como o crescimento (e a dívida) variam intensamente com o ciclo económico.

Muito se escreveu sobre Chipre. Quero acrescentar quatro notas incómodas para quem quer pensar alternativas viáveis e mobilizadoras à estupidez das instituições europeias.

Estas notas inventariam alguns factos sobre o SNS e sobre a ADSE e avaliam o efeito social, o custo e a eficiência de algumas alternativas.