1. Somos a favor da autodeterminação da Crimeia só depois da retirada dos exércitos russos que estão a efetuar esta flagrante intervenção. Somos pela autodeterminação do povo e não da elite mercenária que se “autodetermina” de modo a proteger-se dos naturais da Crimeia com as bocas das armas automáticas russas. O resultado do separatismo na Crimeia será o renascer do império russo, que ameaça uma guerra mundial.
2. A justificação da agressão de Putin é a histeria nacionalista que os líderes deMaidan ignoraram. Piadas xenófobas agressivas foram tratadas como normais e mesmo hoje em piquetes antiguerra continuamos a ouvir slogans provocadores como “Glória à nação! Morte aos seus inimigos!” A manipulação feita pelo Kremlin a estes slogans assustou os povos do leste e do sul. No entanto, a agressão iniciada pela Federação Russa é marcadamente imperialista e dirigida contra a república revolucionária (a revolução genuína, não favorável aos oligarcas, apenas começava a revelar-se.
Uma guerra de libertação, se conduzida pelos oligarcas ucranianos,desembocaria na fascização da sociedade: podemos esperar unificação em torno de míticos interesses nacionais, uma ditadura aberta e políticas sociais dirigidas à concentração da riqueza nas mãos da elite. O nosso governo pode reivindicar legitimidade popular, mas sódepois de uma consulta social ter sido efetuada. Contudo, o nosso governo foi legitimado pela ameaça de intervenção estrangeira – somos forçados a amar um regime, não o nosso país.O governo na Ucrânia está progressivamente a passar diretamente para as mãos dos oligarcas (Kolomoisky e Taruta tornaram-se governadores). Os oligarcas saquearam o nosso país e agora exigem que o povo esfomeadodefenda o seu estado corrupto!
3.O movimento Maidan não foi uniforme – os nacionalistas radicais estragaram o protesto com a xenofobia mas, felizmente, não determinaram as suas reivindicações. A população da Ucrânia oriental e do sul e os membros das minorias étnicas deviam saber que em Maidan havia muitos representantes das forças que têm posições internacionalistas, de esquerda e democráticas. Apoiar o mito de um “Maidan fascista” é legitimar o uso da força pelosneonazis contra estes cidadãos que discordam deles. Entristece-nos ver que as ideias antifascistas estão a ser exploradas para justificar a guerra. |O antifascismo é solidariedade, não é intervenção!
4.Os cidadãos da Ucrânia ocidental e central deviam pressionar o governo a não permitira discriminação linguística, a destruição de monumentos ou aincitação à hostilidade desnecessária. A Ucranização levada a cabo pelos oligarcas só pode levar ao chauvinismo. É necessário rever a política da língua e alargar o direito a usar a língua nativa nas regiões onde ela é precisa. O renascimento nacional e cultural dos ucranianos e de outros povos do nosso país é inseparável da resolução dasquestões sociais.
5. Somos pela preservação de uma Ucrânia unida, como um fenómeno cultural único. A coexistência de diversas etnias só enriquece a cultura humana universal. No caso dadivisão do país, o governo dos chauvinistas estabelecer-se-á em ambos os lados. Todos os conflitos na Ucrânia são resultado da ditadura dos oligarcas. A Ucrânia pode ser consolidada com base na derrota do poder dos oligarcas – os trabalhadores do leste e do sul querem igualmente uma mudança social e deviam compreender que atiçar o conflito apenas serve para adiar asperspetivasde melhoria para um futuro distante.
6. O governo da Federação Russa é controlado pelos representantes mais conservadores dos interesses do capital. E é por isso que os cidadãos que apoiam um referendo sobre a“reunificação” com a Rússia fariam melhor em preparar-separa um estado policial e para uma política antissocial. Não abrimos precedentes para o apoio auma vitória do imperialismo russo. Apesar das declarações dos nacionalistas burgueses ucranianos não ficaram quaisquer sinais de socialismo na Rússia. A população da Ucrânia vai começar a odiar os russos ainda mais, enquanto entre as massas russas as ilusões imperialistas e revanchistas vão ficar cada vez mais fortes. As promessas de uma vida melhor ao estilo deHitler vão culminar numa catástrofe para a nação agressora. Não nos esqueçamos de que esta guerra é também uma oportunidade para o capital ocidental pôr os seus próprios exércitos no terreno e capturar parte do território ucraniano.
7. É necessário apelar no primeiro momento à população ucraniana de fala russae aos russos que não apoiam a guerra. Eles têm de sabotar a mobilização e a movimentação dos exércitos ocupantes, enquanto também exercem pressão contínua sobre o governo e o capital russos. O imperialismo russo está a usá-los para reforçar a sua dominação através de um referendo. É necessário criar brigadas internacionais para manter a ordem, opor-se aos mútuos chauvinismos, defender os equipamentos estratégicos, fazer propaganda entre as tropas e opor-se ao desarmamento dos exércitos ucranianos. Formar destacamentos de auto-defesa de trabalhadores nas empresas para proteger-se da intervenção externa e das mãos cobiçosas dos seus “donos”. Organizar destacamentos com aqueles em quem se confia ou que se está preparado para eleger! O exército ucraniano devia atuar sob o controlo dos cidadãos. Por quemorrer sob a direção de nacionalistas como Parubiy e Yarosh? Eles têm a pesar na sua consciência erros tácticos de inépcia naEuromaidan e o aumento das hostilidades interétnicas. Por quemorrer pelos interesses dos Akhmetov-Kolomoiskys? Os trabalhadores de todas as nações deviam aprender a solidariedade dos oligarcas ucranianos – eles ultrapassaram todas as suas diferenças e uniram-se em torno dos seus interesses de classe comuns.
Abaixo os governantes bandidos que se tornaram separatistas!
Abaixo o imperialismo russo!
Abaixo os chauvinistas ucranianos!
Viva a Ucrânia livre dos trabalhadores!
3 Março de 2014
Tradução do original (para o inglês) pelo portal LeftEast
Tradução de Almerinda Bento para o Esquerda.net