A covid-19 infectou a globalização que já dava muitos sinais de doença. Os desafios são mais do que muitos, desde a retoma do multilateralismo, ao reforço das solidariedades e da democracia, à desmercantilização das relações sociais.
Morangos, espargos e pêssegos que ficam por apanhar. Ovelhas com a lã por cortar. Um pouco por toda a Europa vai aumentando o desespero de agricultores que não têm mão de obra.
Já o sabíamos antes, mas é hoje mais visível ainda que a solução para esta crise não virá nem das políticas neoliberais nem da extrema-direita, mas não virá também do modelo de política actualmente dominante.
Hoje, como sempre, a generosidade e a solidariedade demonstradas para proteger o colectivo têm de prevalecer, lado a lado, com a liberdade e a convicção de escolhermos a democracia todos os dias com a mesma vontade de há 46 anos.
Os territórios das desigualdades são profundos entre quem trabalha. Entre as várias lições a tirar da crise está seguramente a de não deixar nenhum trabalhador na mão, sem direitos dignos desse estatuto.
Trump e Bolsonaro nada têm feito para combater as raizes das desigualdades nos seus países. Pelo contrário. Perante uma situação de pandemia como a que vivemos resolveram antes celebrar as suas fragilidades.
Além da luta que travamos contra o vírus, há também uma luta de modelo de sociedade que é travada entre o medo e a solidariedade. Saibamos todos e todas privilegiar a solidariedade, apoiando as medidas que respondem às necessidades de todos e de todas.
Na semana passada, a justiça deu razão a Carola Rackete, a capitã do Sea Watch 3, que desobedeceu a Salvini em Junho de 2019 ao levar 40 pessoas salvas no Mediterrâneo para porto seguro.
Os atentados terroristas de extrema direita começam a dar sinais na Alemanha e com consequências trágicas. A chegada a cargos institucionais por parte do partido de extrema-direita AfD não se traduziu numa perda de força, mas antes numa normalização que é perigosa.