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Lula reúne com Conselho Internacional do FSM

O presidente do Brasil afirmou que a edição deste ano do FSM «mostra a necessidade da sua continuidade e a importância da diversidade democrática». Lula esteve acompanhado por alguns membros do seu governo, como Dilma Rousseff, que anunciou como a próxima candidata presidencial pelo PT.

Texto de João Romão, em Belém do Pará, Brasil, para o Esquerda.net.

Lula da Silva promoveu um encontro com as associações que integram o Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, que reuniu cerca de 80 pessoas na sala de um hotel em Belém do Pará. O presidente do Brasil saudou a realização do Fórum e afirmou que a edição deste ano, que considerou melhor organizada e mais participada, «mostra a necessidade da sua continuidade e a importância da diversidade democrática». Lula esteve acompanhado por alguns membros do seu governo, como Dilma Rousseff, que anunciou como a próxima candidata presidencial pelo PT.

O encontro começou com cinco breves intervenções, previamente seleccionadas, de representantes de organizações do Quénia, França, Chile, Índia e Cuba, às quais Lula foi respondendo num registo relativamente informal. O presidente brasileiro, que não tinha sido convidado pelo Movimento dos Sem Terra para uma sessão no dia anterior que reuniu outros quatro presidentes de repúblicas da América latina, valorizou as iniciativas que desencadeou para beneficiar os produtores agrícolas: Lula informou que 519 mil famílias foram «assentadas» no campo durante o seu governo, o que corresponderá a mais de metade dos assentamentos registados na história do Brasil, e referiu também a nacionalização de 43 milhões de hectares de terras (uma área muito superior à totalidade do território de Inglaterra, Itália ou Alemanha).

Lula abordou ainda a crise económica mundial, assumindo tratar-se de uma «oportunidade» para repensar os modelos actuais de consumo e desenvolvimento, no seguimento do que tinha sido defendido na véspera, no comício em que participou com Chavez, Morales, Lugo e Correa. Além de referir a criação de um banco regional de investimento na América Latina, o presidente brasileiro salientou os passos dados nos últimos anos na cooperação regional na região e a importância dos Fóruns Sociais para o aprofundamento dessas relações de cooperação, lembrando que, por vezes, há países que não podem enfrentar as grandes potências (e, em particular, os Estados Unidos) por causa dos financiamentos e ajudas financeiras que daí obtêm.

Lula explicou ainda o seu posicionamento em relação à crise actual, garantindo um reforço significativo do investimento público: «se a lógica empresarial diz que devemos ser prudentes nos investimentos, as preocupações sociais exigem o seu reforço», adiantou. O ex-sindicalista lembrou ainda que, apesar da crise, o Brasil não entrou em colapso, ao contrário do que tinha acontecido, por duas vezes, durante os anos 90, lembrando «os yuppies desses tempo, que nem sabiam localizar o Brasil no mapa mas davam palpites sobre o que o país devia fazer» e os países que defendiam o livre comércio quando a situação era boa e agora defendem o proteccionismo.

Nesta reunião, o presidente brasileiro acabaria ainda por fazer a sua primeira declaração pública sobre a sua possível  sucessão, apresentando Dilma Rousseff como a próxima candidata presidencial pelo PT. Além de Lula, Dilma seria a única pessoa do governo a intervir na reunião, apresentando uma iniciativa que está a ser preparada com vista à revisão da regulamentação da actividade dos órgãos de comunicação social, incluindo os meios independentes.

O Conselho Internacional é o organismo que tutela e coordena o Fórum Social Mundial, com cerca de uma centena de elementos, onde se incluem algumas personalidades que estiveram na origem da criação do Fórum e alguns movimentos sociais. O PT, ou organizações que lhe são próximas, controla cerca de um terço dos integrantes deste órgão. Na reunião de Belém, Lula garantiu todo o apoio para tornar possível a realização do FSM nos Estados Unidos (onde há problemas com os vistos de entrada no país) ou no Médio Oriente (onde se colocam questões de segurança).

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Neste dossier:

Fórum Social Mundial 2009

O Fórum Social Mundial 2009 decorreu em Belém do Pará, Brasil, de 27 de Janeiro a 1 de Fevereiro.

Declaração Ecossocialista de Belém

A seguinte declaração, que reproduzimos integralmente, foi preparada por um comité eleito na Conferência Ecossocialista de Paris em 2007 e distribuída no Fórum Social Mundial em Belém do Pará, no Brasil, em Janeiro de 2009. A declaração é suportada por mais de 400 apoiantes, de 34 países, apelando-se à sua difusão e subscrição.

Fórum Parlamentar Mundial apela ao fim dos off-shores

Em Belém do Pará, à margem do Fórum Social, parlamentares da América Latina, Europa, Filipinas e Palestina reuniram no Fórum Parlamentar Mundial e aprovaram uma importante declaração sobre a actual crise financeira.

Marcha de abertura do Fórum Social Mundial

Os cem mil participantes no Fórum atravessaram a cidade de Belém protagoniram um desfile com todas as reivindicações sociais do planeta, todos os sons da militância solidária, toda a alegria do desejo de transformação. Esquerda.Rádio traz-lhe alguns sons desta manifestação, com reportagem de João Romão e sonoplastia de Luís Varatojo.

FSM em sentido amplo por Boaventura de Sousa Santos

A avaliar pelas estatísticas, o IX Fórum Social Mundial realizado em Belém foi um êxito: 133 mil participantes de 142 países; 489 organizações de África, 119 da América Central, 155 da América do Norte, 4193 da América do Sul, 334 da Ásia, 491 da Europa, 27 da Oceânia.

Declaração da Assembleia "Trabalho na crise global" - Fórum Social Mundial

A crise global que vivemos é o resultado de várias crises, económica, social, financeira, energética mas também climática e alimentar. É uma crise sistémica o do modelo de desenvolvimento.

Declaração da Assembleia de Movimentos Sociais - Fórum Social Mundial 2009

Para fazer frente à crise são necessárias alternativas anticapitalistas, anti-racistas, anti-imperialistas, feministas, ecológicas e socialistas. Os movimentos sociais do mundo reuniram-se por ocasião do 9º FSM em Belém, na Amazónia, onde os povos resistem à usurpação da natureza, dos seus territórios e da sua cultura.

Declaração da Assembleia de Mulheres - Fórum Social Mundial de 2009

No ano em que o FSM encontra-se com a população da Pan-Amazônia, nós mulheres de diferentes partes do mundo, reunidas em Belém, afirmamos a contribuição das mulheres indígenas e das mulheres de todos os povos da floresta como sujeito político que vem enriquecer o feminismo a partir da diversidade cultural de nossas sociedades e conosco fortalecer a luta feminista contra o sistema patriarcal capitalista globalizado.

Correa, Lugo, Morales e Chavez no Fórum Social Mundial

Mesmo sem a presença do anfitrião Lula, quatro presidentes de Repúblicas da América Latina juntaram-se num comício em Belém do Pará, à margem do Fórum Social Mundial, em que valorizaram os contributos do FSM para as lutas pelo socialismo e procuraram o apoio dos movimentos sociais de todo o mundo.

Urgência!

Os dois principais tópicos em discussão no Fórum Social Mundial reclamam acção urgente: a crise económica, que ameaça sociedades inteiras com o espectro do endividamento, do desemprego e da miséria, e a crise ecológica, que ameaça a sustentabilidade do planeta e é espelhada com evidência nos problemas da Amazónia.

Balanço do Fórum e do outro mundo possível

Os que acreditam que o fim do Fórum Social Mundial é o intercâmbio de experiências devem estar contentes. Para os que chegaram a Belém angustiados com a necessidade de respostas urgentes aos grandes problemas que o mundo enfrenta, ficou a frustração, o sentimento de que a forma actual do FSM está esgotada.

Entrevista a Walden Bello: "Vivemos um período revolucionário"

O filipino Walden Bello é uma das figuras de referência do Fórum Social Mundial, desde a sua criação. Bello é o presidente da "Freedom from Debt Coalition" e activista da "Focus on Global South". Em entrevista ao Esquerda.net, falou-nos da crise mundial, das respostas possíveis e  das lutas trabalhadores no Sul e Norte do planeta.

Dia das Alianças encerra Fórum Social Mundial

O Fórum Social Mundial terminou neste domingo em Belém do Pará com o Dia das Alianças, um conjunto de reuniões alargadas à procura de convergência para acções comuns. O Fórum reivindica a urgência de se encontrarem alternativas ao capitalismo, porque um outro mundo é possível e necessário.

A crise no Fórum Social Mundial

A crise internacional foi um dos principais temas em discussão no Fórum Social Mundial. No último dia de debates, coube-me apresentar uma comunicação sobre o tema, com o economista venezuelano Eduardo Lander, num seminário promovido pela Transform. A procura de alternativas ao capitalismo marcou este Fórum, onde também esteve Olivier Besancenot. O Partido da Esquerda Euopeia reuniu com o Fórum Porto Alegre, procurando caminhos conjuntos.

Boaventura diz que a realidade prova que "o FSM tinha razão"

No fim da edição do FSM na Amazónia, Boaventura Sousa Santos diz que foram os Fóruns Sociais que "anteciparam a crise"  que hoje vivemos e não o Fórum de Davos que reúne a elite financeira. O fundador do FSM quer ver o mundo a discutir as ideias e soluções propostas em Belém do Pará e diz que é urgente "reinventar o Estado", orientando-o no rumo da democracia participativa.

Lula reúne com Conselho Internacional do FSM

O presidente do Brasil afirmou que a edição deste ano do FSM «mostra a necessidade da sua continuidade e a importância da diversidade democrática». Lula esteve acompanhado por alguns membros do seu governo, como Dilma Rousseff, que anunciou como a próxima candidata presidencial pelo PT. Texto de João Romão, em Belém do Pará, Brasil, para o Esquerda.net.

Correa, Lugo, Morales e Chavez no FSM

Mesmo sem a presença do anfitrião Lula, quatro presidentes de Repúblicas da América Latina juntaram-se num comício em Belém do Pará, à margem do Fórum Social Mundial, em que valorizaram os contributos do FSM para as lutas pelo socialismo e procuraram o apoio dos movimentos sociais de todo o mundo.

Fórum Parlamentar Mundial reúne na Amazónia

O Fórum Parlamentar Mundial (FPM), promovido pelo Fórum de São Paulo da América Latina e pelo GUE/NGL do Parlamento Europeu, começou em Belém do Pará, juntando pela sexta vez representantes de vários países da América Latina e da Europa.

Amazónia, património de todos

Depois da gigantesca Marcha que assinalou o arranque do Fórum Social Mundial, começaram na quarta-feira as mais de duas mil sessões de debate que compõem o seu programa, distribuídas por grandes grupos temáticos que assinalam as grandes reivindicações dos movimentos sociais do planeta.

Fotogaleria da marcha do FSM

Fotografias de Emmanuelle Reungoat

Cem mil na marcha de abertura do Fórum Social Mundial

Os cem mil participantes no Fórum atravessaram a cidade de Belém, bloquearam o trânsito, trouxeram para as janelas a população local e mobilizaram um enorme aparato policial, intimidativo mas que se limitou a observar um extraordinário desfile com todas as reivindicações sociais do planeta, todos os sons da militância solidária, toda a alegria do desejo de transformação.

Fórum Social Mundial começa esta terça-feira

Começa esta terça feira o Forum Social Mundial, em Belém do Pará, cidade pobre junto à selva amazónica onde se esperam mais de cem mil participantes, mais de dois mil painéis e seminários de discussão e mais de mil jornalistas de todo o mundo.

Atraso mudou-se para Davos. Futuro visita Belém

Quando o Fórum Social Mundial nasceu, como contraponto ao Fórum Económico Mundial de Davos, a globalização ainda era cantada em prosa e verso. Oito anos depois, os mantras neoliberais estão cobertos por pesadas nuvens de suspeição e descrédito. O novo estará reunido em Belém, de 27 de janeiro a 1º de fevereiro, no FSM.