O Desobedoc 2022 – Mostra do Cinema Insubmisso, que tem site em http://desobedoc.net, foi apresentado pela Coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e por Tatiana Moutinho, Tânia Leão e Raquel Azevedo, que fazem parte da organização.
“Nesta programação há documentários e filmes que falam sobre as guerras coloniais e sobre quem se levantou contra o colonialismo, e falamos também de temas que muitas vezes ficam esquecidos quando se comemora o 25 de Abril, por isso, falamos da enorme importância que os movimentos de libertação tiveram para que Portugal também pudesse ter democracia”, destacou Catarina Martins, na conferência de imprensa.
“Falamos das mulheres na guerrilha e também dos desertores, daqueles que se recusaram a combater uma guerra injusta e do papel que também tiveram na consciência política de um país que permitiu a luta pela democracia”, acrescentou a coordenadora bloquista na apresentação do no ciclo de cinema insubmisso.
Sobre o Desobedoc 2022, salienta-se que sob o tema do “princípio do fim” do regime, se vão abordar as lutas antifascistas (estudantis, operárias, habitacionais, de mulheres, na saúde, políticas), a guerra colonial e a luta anticolonial, incluindo a deserção.
O Desobedoc arrancará com uma sessão em torno de René Vautier, cineasta francês que realizou um dos primeiros filmes anticoloniais, em 1950, “Africa 50”, acompanhado de “Salut et Fraternité”, documentário sobre o cinema comprometido de René Vautier.
No sábado, dia 23, haverá uma sessão dedicada à poeta e cineasta francesa Sarah Maldoror com a exibição de “Monangambé” e “Sambinzanga”.
A 24 de abril, será homenageado Miguel Portas, no dia em que passam 10 anos sobre a sua morte, com um documentário sobre a luta do Sahara Ocidental e testemunhos do envolvimento do falecido dirigente do Bloco nesta e noutras causas.
O Desobedoc terá 15 sessões, em duas salas, a sala Miguel Portas e a sala Três Marias, assinalando as “Novas Cartas Portuguesas”, terá pela primeira vez mais mulheres realizadoras que homens, fará também uma homenagem a Luísa Moreira e nele será também evocada Gisberta, a mulher trans barbaramente assassinada no Porto.
Na apresentação, Catarina Martins lembrou que Miguel [Portas] “envolveu-se muito no direito do povo saharauí à sua independência, à sua autodeterminação contra a guerra, e lembramos que há muitas guerras hoje e ainda há guerras coloniais, que o Sarah Ocidental é uma colónia e é um povo que está a sofrer e que não pode ser esquecido”.