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Continua o Carnaval, chegam as eleições
Tudo parece pronto para o grande dia. À chegada do AVE [comboio de alta velocidade] a Barcelona, seguir-se-á a entrega dos primeiros subsídios de habitação jovem, poucos dias antes das eleições. A máquina eleitoral dos dois partidos maioritários ocupou as ruas e os meios de comunicação. Se na sua origem a palavra slogan se referia aos gritos de guerra que os clãs escoceses utilizavam para se diferenciar, os actuais “gritos de guerra” servem apenas para reconhecer o clã político de que provêm.
Texto de Martín Cúneo, publicado em Periódico Diagonal
Apesar da Conferência Episcopal ter pedido o voto para os partidos “compatíveis com a fé e as exigências da vida cristã”, o slogan escolhido pelo PSOE foi “Motivos para acreditar”, para demonstrar, porventura, que a fé não é exclusiva da “direita”. Ao mesmo tempo, um dos lemas utilizado pelo Partido Popular – “Com Rajoy é possível” – copia metade do slogan escolhido pela Esquerda Unida nas municipais de Maio de 2006, ao mesmo tempo que apela ao leit motiv do movimento anti-globalização. Já tinha acontecido algo semelhante nas últimas eleições europeias, quando o PP recorreu ao lema “Contigo, fortes na Europa”, semelhante a “Com força na Europa” que o PSOE usou nas eleições europeias de 1989 e a “Contigo”, também do PSOE nas europeias de 1999.
Promessas e saldos
Mas para além dos lemas é possível encontrar diferenças. Enquanto o PSOE promete 14.000 novos polícias, o PP aposta em 40.000 e, além disso, acrescenta a redução, para os 12 anos, da idade mínima para o cumprimento de penas. Resulta daí que a segurança cidadã é “um problema de narizes”, segundo o secretário de Justiça e Liberdades do PP, Ignacio Astarloa. O PSOE vangloria-se de ter convertido a Espanha na “oitava potência do mundo”; o PP promete convertê-la na quinta. E tudo isto ao mesmo tempo que “asseguram às gerações futuras o prazer de um meio ambiente sustentável”. Em cada dia de pré-campanha uma nova proposta de redução fiscal ou um cheque de ajuda directa no puro estilo liberal é manchete dos jornais diários.
Enquanto a campanha do PSOE gira, segundo José Blanco, em torno do “optimismo” e da “positividade” de Zapatero, como um momento musical relaxante antes da queda de um avião numa tempestade, o PP recorreu ao medo da imigração como último recurso para subir nas sondagens. “Não há verdadeiros partidos de direita [na Europa], excepto o PP espanhol”, disse Filip Dewinter, líder do partido belga neofascista "Vlaams Beelang" em princípio de Fevereiro. Tudo parece preparado para a “grande festa da democracia”, ainda que milhões de imigrantes e os partidos da esquerda basca independentista não tenham sido convidados a participar. Vejam como é.
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