Andreia Galvão

Andreia Galvão

Andreia Galvão Atriz, produtora e agente cultural. Membro da Comissão Política do Bloco de Esquerda. Licenciada em Ciências da Comunicação e Mestre em Teatro

O movimento da negritude deve delinear lições importantes para as movimentações antirracistas na atualidade, desde a necessidade e possibilidade de unidade para a luta política, como a importância da natureza das relações sobre os quais estes laços sociais e de luta se estabelecem.

A menos de duas semanas das eleições presidenciais, a vitória, que se adivinhava disputada, passou a ser tomada como garantida. A Guerra na Ucrânia atirou a direita francesa para os braços de Macron, o estadista, que não recusou o convite. Num tempo em que a imigração é pauta fundamental, qual a visão dos candidatos ao Palácio do Eliseu?

Porque não foi e não é estendida a mesma solidariedade a todas as vítimas de guerra, às que morrem no Mediterrâneo, às que são impedidas de encontrar refúgio em solo europeu, às que sofreram as guerras pelo petróleo, pelos interesses económicos das elites.

A direita europeia muitas vezes não se opõe diretamente a nenhuma etnia nem usa tão flagrantemente um discurso xenófobo, mas utiliza um discurso que apela à manutenção da identidade nacional.

Quando se quer falar de monopólios energéticos, da falta de recursos para fazer a transição climática e garantir trabalho digno, da impossibilidade de crescer indefinidamente sobre recursos finitos, quando se quer tocar onde doí - aí a direita não toca. E esse é o programa da Esquerda.

Os países que têm sido mais vigorosos na defesa da conexão UE-Mercosul são Espanha e Portugal. Irónico que seja um país como o nosso tão aparentemente comprometido com a resolução da crise climática. O espaço entre a retórica e a ação torna-se, a cada dia, mais incomportável.

Olhar para a crise climática sem apresentar uma lente intersecional para a crise em questão é falhar em apresentar propostas políticas que colmatem as grandes dificuldades das comunidades que estão na linha-da-frente da crise climática.

A reflexão e a filosofia são indissociáveis da prática política. De que outro modo podemos evidenciar as ideias inerentes ao nosso sistema e as nossas vidas, que foram secularmente neutralizadas, normalizadas e enraizadas como inerentes à essência humana?

Estes dois anos de desespero, insegurança, medo e instabilidade marcaram o mundo que conhecemos e a forma como conhecemos o mundo. O COVID-19 deixou a nu as engrenagens do capitalismo.

Diversos fenómenos nos últimos dias têm aprofundado o agudizar da consciência social sobre a crise climática. Na última semana dezenas de pessoas morreram no Canadá no meio a uma onda de calor sem precedentes que bateu recordes de temperatura.