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Salvaterra: A mentira teve perna curta

Mesmo num assunto como a rejeição da eliminação de freguesias, em que se criou tanto consenso no município, o PS não conseguiu colaborar para a unidade da esquerda nesse combate.

O PS em Salvaterra de Magos tem o Bloco como principal inimigo. Não é um exagero. O seu inqualificável comportamento no processo da RATA - reforma administrativa territorial autárquica - só veio comprovar esse facto. Mesmo num assunto como a rejeição da eliminação de freguesias, em que se criou tanto consenso no município, o PS não conseguiu colaborar para a unidade da esquerda nesse combate.

Desde início que se criou um amplo movimento de repúdio pela reforma autárquica do ministro Relvas. Em todas as freguesias, três presididas pelo Bloco e outras três pelo PS, foram realizados plenários com a presença de centenas de moradores e foi possível levar até ao Parlamento uma petição, subscrita por mais de quatro mil munícipes, contra a extinção das freguesias, pela revogação daquela lei e pela realização de um referendo local. Todos os presidentes de Junta, os eleitos pelo PS e pelo Bloco, apoiaram, subscreveram e participaram na recolha de assinaturas.

Foi sol de pouca dura. Logo na primeira Assembleia Municipal, quando havia que ser firmes na rejeição de uma reforma anti-democrática e que prejudica as populações, os dirigentes concelhios do PS apresentaram uma proposta de pronúncia pela extinção de uma freguesia, a do Granho, precisamente uma das presididas pelo Bloco. A primeira em todo o país, como se vangloriou Relvas na Assembleia da República. PS e PSD juntaram-se para fazer aprovar aquela pronúncia e para rejeitar a realização de um referendo local.

Nesta reviravolta, PS e direita basearam-se numa mentira. Afiançavam que propondo à Unidade Técnica a extinção de uma freguesia, poupar-se-iam outras. Era falso, como o Bloco denunciou na altura e como se veio a comprovar quando a Unidade Técnica enviou para a Assembleia Municipal a extinção do Granho, proposta pelo PS e PSD, mas também a de Foros de Salvaterra. A lei do Relvas está feita para matar freguesias, não é para as poupar.

O PS de Salvaterra de Magos aliou-se oportunisticamente com a direita e colaborou miseravelmente na aplicação da lei. Em vez de contribuir para a unidade das populações contra o Governo, o PS preferiu dividir o movimento na base de uma mentira, atirando freguesias contra freguesias para atingir um único objetivo partidário e mesquinho: atingir o Bloco.

A mentira teve perna curta. A população cedo se apercebeu que a pronúncia aprovada pelo PS e PSD na Assembleia Municipal era um embuste com objetivos bem determinados. Na Assembleia Municipal da passada sexta-feira, a população mobilizou-se e esteve presente. O Bloco apresentou uma proposta de resposta à Unidade Técnica em defesa das seis freguesias: "uma por todas e todas por uma!"

Encurralados na sua própria mentira que ficou a nu, o PS já não queria discutir a extinção das freguesias, mas, dissimuladamente, dar isso como um facto consumado e debater, antes, a sede da "União das Freguesias de Salvaterra e Foros de Salvaterra".

Com a firmeza e convicção que caraterizaram as posições dos autarcas eleitos pelo BE na luta pela defesa de todas as freguesias, com a participação ativa da população – centenas de populares encheram o auditório da Assembleia Municipal – o PS foi obrigado a recuar em todas as frentes: retirou a proposta de escolha da localização da sede da união das freguesias e acabou por votar a favor da proposta do Bloco pela manutenção de todas as freguesias. Teve de meter a viola no saco.

Já no próximo dia 14 de Dezembro, a petição de Salvaterra de Magos vai a debate no Parlamento, no mesmo dia em que são votados os projetos do Bloco e do PCP para a revogação da lei da RATA, com uma manifestação da ANAFRE em S. Bento.

O destino desta lei iníqua só pode ser o mesmo do governo e da troika que o sustenta: caixote do lixo. Por mais difícil que seja a luta, o Bloco não desiste da unidade das populações pelos seus direitos. A luta vai continuar.

Sobre o/a autor(a)

Vereador do Bloco de Esquerda em Salvaterra de Magos
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