O governo da Guiné Equatorial mata, tortura, silencia. São casos recorrentes, altamente documentos por inúmeras fontes. Alguém acredita na moratória sobre a pena de morte? Alguém terá a ousadia de considerar que cumpre os requisitos mínimos de respeito pelos Direitos Humanos e pelas regras mais básicas da democracia? Alguém sugerirá, por mais de mansinho, que a corrupção em prol da família presidencial e de um clã de próximos não é a pedra de toque do regime? Alguém, mas alguém decente, poderá dar a mão a uma das mais brutais ditaduras da atualidade?
Pelos vistos sim. A CPLP, pela voz do seu secretário-geral considera que não podemos avaliar o respeito pelos Direitos Humanos naquele país, pois tudo o que diz respeito a esta matéria é sempre relativo… De alguma maneira, é o mesmo discurso que estamos habituados a ler sobre os desmandos do poder em Angola. Diz ainda que as autoridades portuguesas já não têm qualquer reserva sobre a entrada da Guiné Equatorial.
Percebemos agora o que vale a CPLP com estes governos. Basta uma carta de intenções – a tal moratória sobre a pena de morte e uma vã promessa de introdução do português nos currículos escolares – para tudo se tornar relativo, mera questão de ângulo de abordagem, no limite um preciosismo estéril.
O mesmo representante lança implícitas ameaças a Portugal (não sabe o que aconteceria se Portugal vetasse a entrada) e afirma, convicto, que a Guiné Equatorial “está disposta a assumir os nossos princípios”.
Já conhecíamos o que significa “sentido de Estado” e “princípios” para este Governo: negócios, submissão, ausência de princípios. Mas ficamos também a saber que Luís Amado, o banqueiro que foi Ministro PS dos Negócios Estrangeiros, há muito defendia a entrada da Guiné Equatorial. E que Cavaco tinha objeções que entretanto se desvaneceram…
Esqueçam. Os petrodólares falam mais alto, os media estão entretidos com o futebol e Portugal alinha com os párias da democracia.