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Os pobres que a direita quer
Mas, perguntará o leitor, não é importante, em momento de urgência social, matar a fome às pessoas? A resposta não passa por negar essa necessidade, mas deve fazer perguntas a montante: não é muito mais justo e racional evitar a intensa produção de pobres que estas políticas de austeridade têm causado, nomeadamente ao aumentarem o desemprego, ao reduzirem o universo de abrangidos pelo rendimento social de inserção e abono de família que, mesmo sem serem medidas particularmente audazes, tiveram pelo menos o mérito de minorar a intensidade da pobreza? Não seria mais justo e racional acabar com os trabalhadores pobres, isto é, as centenas de milhar de pessoas que recebem um salário tão baixo que não conseguem superar o limiar de pobreza (411 euros)?
Mas a Direita deseja controlar os pobres, domesticá-los, dividi-los entre os “bons pobres” (“os nossos”, os “assistidos”, os “utentes”) e os outros (os “perigosos”, “mandriões, “viciosos”). Ao mesmo tempo, pela ação de proximidade, permite que as instituições privadas de solidariedade social exerçam um domínio clientelar e de contenção da raiva e da miséria extrema, contendo possíveis conflitos e impondo “boas maneiras”. Esta pobreza mansa é o sonho da Direita: sem Estado Social, o Estado não deixará, por mãos alheias, de matar a fome, como quem presta um favor que será cobrado, mas sem nunca permitir que deixem de ser pobres.
Sérgio Aires, sociólogo da rede europeia anti pobreza, chama-lhe a “misericordização" da protecção social: misericórdia para os pobres assistidos por misericórdias; nenhuma redistribuição, zero solidariedade.
Comentários
Pois é meu caro João Teixeira
Pois é meu caro João Teixeira Lopes.
Como diz o outro na canção:
"é esta a vida vazia
da chamada burguesia
com medo da revolução"
e ela ( a revolução) pode estar mais perto do que a burguesia e seus apaziguadores sociais pensam. Se não em Portugal, quem sabe em Espanha, depois em Itália, Grécia e por aí fora... atrás dos tempos vêm tempos.... Quem sabe ainda vamos vêr Schauble, e o resto da cambada a pedir clemência...
um abraço
Paulo
Pensava que não veria mais
Pensava que não veria mais estas situaçõs de «caridadezinha».Para quando devolver às pessoas o direito ao trabalho e à sua dignidade? É muito triste o que se está a passar no meu país....
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