Como poderia ser de outro modo? Para além da primeira linha da excitação retórica, as segundas linhas (Ângelo Correia pelo PSD, Vitalino Canas pelo PS) exalam a serenidade de quem sabe que não existe qualquer risco do orçamento não ser aprovado. Aliás, o Orçamento de Estado de 2011 (e o de 2012 e de 2013) já está traçado e tem um nome: PEC2. Nesta matriz, constam medidas, calendários e dotações. Tudo limpinho e rubricado por Sócrates, Passos Coelho e Cavaco Silva. O resto, convenhamos, são efervescentes inventonas de Verão. Onde não se vislumbra diferença ideológica substantiva ou prática política efectivamente divergente, o coro grego levanta as vozes da tragédia.
Mas o Presidente ainda foi mais longe, garantindo ter informações que lhe permitem afirmar que tudo está no bom caminho. Entenda-se: PS e PSD perseguem, nos bastidores, longe dos palcos e da sua dramaticidade, meticulosas negociações abençoadas por Cavaco. No fim, sabemos que os impostos vão aumentar sem justiça fiscal e que os salários vão baixar.
É por isso que o Bloco está contra esta Santíssima Trindade nas eleições presidenciais. Com Alegre, que se manifestou sempre ao arrepio das várias ondas regressivas de revisão constitucional e rejeitou o Código do Trabalho. Contra Cavaco, que está com PS e PSD. É a vida. É a luta.