“Muda o sistema, não o clima” é uma das frases mais ouvidas nos últimos dias em todo o Mundo, a propósito da realização da Cimeira do Clima, organizada pelas Nações Unidas, que se realiza em Paris, reunindo chefes de estado e de governo. Toda a comunidade científica e milhares de ambientalistas, num grande esforço cívico, chamam a atenção para as alterações climáticas e para as consequências desastrosas da poluição, da emissão de gases e da desregulação completa que impera em muitos países.
O aquecimento global tem origem na atividade humana e estamos a um pequeno passo de ser irreversível
Há muito que ambientalistas alertam para a necessidade da alteração das políticas no sentido de se acautelar a defesa do ambiente. Há muito que se fala em alterações climáticas, mas a verdade, é que este problema central para o planeta não tem sido encarado com a responsabilidade que exige. Muita gente não acredita, e muitos responsáveis políticos e económicos, acreditam, mas preferem proteger a indústria poluidora e o seu lucro.
O problema é mundial, com consequências diferentes nas várias zonas do globo, hoje já bem visíveis e esta Cimeira não pode significar um falhanço político como foi o caso das suas antecessoras no Rio e em Quioto.
O aquecimento global tem origem na atividade humana e estamos a um pequeno passo de ser irreversível.
Exigem-se medidas concretas, metas respeitadas e mudanças de paradigma na produção industrial, na agricultura, nos transportes, na vida do dia-a-dia.
Esperam-se desta Cimeira resultados concretos que coloquem como prioridade impedir que a temperatura máxima média global se eleve 2.º C acima da temperatura do século XX. Já sabemos que os anos mais quentes tiveram lugar no século XXI e que 2015 poderá mesmo ser o ano mais quente. Mais avisos não poderia haver!
O Médio Tejo tem desafios enormes a nível ambiental e os seus Rios atravessam dias difíceis, assim como as zonas de floresta e todos conhecemos as indústrias poluidoras que existem na região.
As autarquias têm aqui um papel crucial. Conhecem o território, conhecem os recursos, conhecem os poluidores, conhecem as populações.
Não está na altura de colocar na agenda autárquica a questão das alterações climáticas e dar um contributo, concertado, através de medidas concretas e locais, que contribuam para os objetivos globais sobre as alterações climáticas? Seria um sinal muito importante, que conjugado com informação junto das populações poderá vir a significar uma mudança real de paradigma na forma como olhamos e tratamos a nossa casa comum – o Planeta.
E uma boa oportunidade para dar significado à frase: o global é local!
Artigo publicado em mediotejo.net a 2 de dezembro de 2015