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A indústria automóvel dá sinais de crise!

A confirmarem-se as tendências atuais, podem estar em causa cerca de 21.000 postos de trabalho em Portugal.

A indústria automóvel em Portugal é um dos sectores que proporciona uma grande dinâmica no emprego e economia nacional. Representa cerca de 2,8% de emprego em Portugal, o que significa números próximos dos 140 mil empregados e um dos grandes motores das nossas exportações.

Esta situação seria de estabilidade para os trabalhadores em geral se as medidas de austeridade não se refletissem nesta indústria, mas começam os primeiros efeitos, senão vejamos, o primeiro trimestre de 2012 revela uma diminuição na produção de cerca de 10% nos veículos ligeiros de passageiros face ao mesmo período do ano 2011 e uma diminuição nas exportações em cerca de 1,6%.

Segundo as previsões da ACAP, a confirmarem-se estas tendências, podem estar em causa cerca de 21.000 postos de trabalho em Portugal.

Confirmadas também que estão as diminuições nas vendas, com um valor histórico dos mais baixos dos últimos 24 anos em Portugal, estamos a caminhar para uma crise na indústria automóvel preocupante.

A situação a nível Europeu mostra-nos, também, uma diminuição nos volumes de produção em alguns construtores que fazem Portugal depender as suas produções, nomeadamente a PSA, RENAULT, GM, FIAT e FORD que diminuíram significativamente as suas vendas em 2011, sendo a FIAT quem lidera as perdas.

As produções automóveis em Espanha, França e Itália, entre 2007 e 2011 tiveram reduções nos volumes de produção entre os 20% e os 38%. Como sabemos somos exportadores da nossa produção automóvel em cerca de 98% daquilo que produzimos, mas o facto destes construtores diminuírem as suas produções tem impacto em fornecedores nacionais e nos empregos respetivamente.

Com esta breve análise penso que será de toda a importância haver um debate alargado sobre a indústria automóvel em Portugal, debatendo ideias que contribuam para inverter esta tendência. Saber qual o papel do Estado para promover esta indústria, não apenas a nível nacional, mas também além fronteiras passando por diminuir custos logísticos com a importação de componentes e a exportação do produto acabado. Também os custos energéticos são uma barreira para que possamos ser mais competitivos, mas não serão as alterações na legislação laboral que farão melhorar estes indicadores, a experiência tem nos mostrado isso, ou os custos de mão de obra que alguns ainda continuam a achar como sendo elevados.

Por todas estas questões, e mais algumas, decidimos na Coordenadora das Comissões de Trabalhadores do parque industrial da Autoeuropa fazer um debate a nível nacional em Palmela no próximo dia 30 de Maio, convidando representantes dos trabalhadores de todos os construtores automóveis e principais fornecedores em Portugal.

Sobre o/a autor(a)

Coordenador da CT da Faurecia, Parque Industrial Autoeuropa, Dirigente sindical do SITE Sul (Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul)
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