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Ilusões

A dívida da região continua em trajetória ascendente. A opção pelo “endividamento zero” e pela redução de impostos – apesar de toda a propaganda do governo – só contribuiu para piorar a dívida pública dos Açores.

A dívida da região continua em trajetória ascendente, apesar das promessas da direita de resolver a herança deixada pelo partido socialista. 

A opção pelo “endividamento zero” e pela redução de impostos – apesar de toda a propaganda do governo – só contribuiu para piorar a dívida pública da Região.

Na prática, a política de “endividamento zero” significa que o governo não vai contrair nova dívida financeira, mas isso está a provocar dois novos problemas: o aumento da dívida comercial aos fornecedores e a ausência de investimento público, que é necessário, por exemplo, para aceder aos apoios da União Europeia.

Além disso, a redução de impostos, que abrangeu apenas quem tem rendimentos mais altos, acaba por diminuir as receitas da Região e dificultar ainda mais o caminho para equilibrar as contas públicas.

A IL com as suas reivindicações para baixar impostos e para o “endividamento zero”, fez o seu marketing populista, mas depois perante os resultados negativos das suas políticas, visíveis no crescimento cada vez mais acentuado da dívida e como forma de fugir à responsabilidade, decide culpar os outros, rasgar o acordo e abandonar o barco.

Isto demonstra a imaturidade política deste partido, que no plenário de julho mostrou bem as incoerências de quem fala de literacia financeira, mas desconhece a sua aplicabilidade no mundo real!

No plenário de julho, o deputado da IL afirmou que o caminho para combater a pobreza passa pela poupança desde pequeninos, mas esqueceu-se do fator inflação que neste momento retira poder de compra e faz o nosso dinheiro comprar cada vez menos coisas. Esqueceu-se também de outro pormenor, que é o de que perante a situação atual há muita gente que chega ao final do mês a contar trocos e não consegue de forma alguma fazer qualquer poupança, pois os seus rendimentos são extremamente insuficientes para tal!

Portugal está em último lugar no ranking de literacia financeira da zona euro e o que é que a IL fez em plenário? Estimulou os açorianos e açorianas a investir em ETF´s (que são fundos de investimento negociados em bolsa)!

Em vez que indicar um caminho para o crescimento económico da região, preferiu entrar na onda do coaching financeiro, mas sem disclamer.

A região não precisa de visões individualistas, atirando os açorianos e açorianas à sua sorte, mas sim de um projeto que nos permita como um todo melhorar, reduzindo as desigualdades e a pobreza.

A promoção de literacia financeira foi uma das medidas que apresentei nas autárquicas de 2021 à Câmara Municipal da Ribeira Grande, por considerar que é através do conhecimento que se podem tomar decisões conscientes e informadas, assim como evitar cair em esquemas. Uma coisa é promover literacia financeira, outra é usar o parlamento como sala de aula de promoção descarada de um investimento financeiro! A primeira promove educação, a segunda ilusão.

Sobre o/a autor(a)

Enfermeira e presidente da VegAçores-Associação Vegana dos Açores.
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