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Ensino Superior: A realidade de hoje, as lutas de amanhã
Qualquer sociedade enverga hoje a responsabilidade de um futuro sustentável, onde a qualificação é obrigatoriamente propulsora de progresso. É nesse sentido que a Educação se assume como um pilar fundamental de qualquer estado social. Em tempo de recessão económica e com a austeridade a asfixiar os povos, é cada vez mais importante fazer da Educação uma prioridade nacional, acima de tudo porque investir neste sector é investir numa possível solução para o futuro.
A conjuntura não é a mais favorável, e o conformismo consome as últimas réstias de esperança, no entanto os jovens universitários portugueses não deixam de viver a realidade de uma série de más escolhas políticas que têm sido tomadas ao longo dos anos. Recordo-me de 92 pelo que os livros de história me contam, lembro-me daquela lei nº20/92, que deu o primeiro passo para a situação que presenteamos agora. Há 20 anos atrás estava inaugurada a corrida pela elitização e pela mercantilização do ensino. E por isso é que é impossível esquecer que as dificuldades do hoje começaram nos erros do ontem, e quem quis fazer da qualificação superior um direito de apenas alguns, hipotecou o futuro de milhares de jovens que hoje ficam à porta da faculdade. A situação que vivemos hoje não é apenas um reflexo da atual crise económica, é muito mais do que isso, e é possível numa curta análise perceber todos os contornos ideológicos que cercam este percurso que a política educativa tem traçado ao longo dos tempos.
Porém é também incoerente não atribuir a quota-parte da culpa à atual crise da dívida, que através da austeridade cortou no financiamento e aumentou nas propinas, contribuindo como reforço neste ataque cerrado ao ensino. Num momento em que o tão respeitado memorando da troika assume a condução do futuro de milhares de jovens e continua a condenar as várias instituições de ensino, há pouca margem de manobra nas universidades portugueses. E a asfixia continua com uma ação social pouco abrangente, que obriga os estudantes a recorrer ao crédito e a entrarem num ciclo de endividamento sem fim aparente. Com as marcas que Bolonha continua a deixar, o ensino é cada vez mais um negócio onde o capital continua a ser a chave de entrada.
O cenário não é animador e partimos neste combate em clara desvantagem, e é por isso que agregar forças através de um movimento estudantil interventivo tem de ser uma bandeira primordial neste caminho. É necessário cada vez mais disputar Associações Académicas, formar coletivos, trabalhar em cada faculdade, com toda a gente que em semelhança a nós procura esta mudança, em prol de uma sociedade justa e democrática, onde se devolva o ensino ao seu lugar de sempre, a universalidade e a gratuitidade. O futuro que queremos construir começa hoje, em cada ação, em cada posição, sem inevitabilidades.
Comentários
Não concordo de todo com a
Não concordo de todo com a "gratuitidade" de que falas. Apesar de a situação económica e social que o país atravessa, nunca convém esquecer que o ensino obrigatório termina no 12º ano, e como tal o Estado não deverá ter a obrigação de pagar a totalidade dos estudos superiores. No entanto, concordo que o elevado valor das propinas é um completo absurdo, mas, aliado a isso, deverás também saber que existem universidades que dependem das propinas dos alunos para pagarem as próprias contas correntes, o que demonstra uma completa falta de gestão orçamental por parte das mesmas. Um belo caso disso é a tua universidade......
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