O Grupo de Trabalho para os Sedimentos, constituído em abril de 2015 pelo Secretário de Estado do Ambiente, publicou o seu relatório final a 30 de setembro de 2015. Neste relatório pode ler-se o seguinte na secção dedicada à Barra da Figueira da Foz:
“ Num contexto de incerteza sobre os impactos resultantes do desassoreamento da praia da Figueira da Foz, nomeadamente sobre o litoral de Buarcos, e do seu potencial como mancha de empréstimo, recomenda-se que o areal daquela praia não seja objeto de ocupações com carácter fixo e permanente”.
Claramente, a ciclovia e as estruturas que começaram a ser implementadas na praia pela autarquia da Figueira da Foz no âmbito do projeto de requalificação do areal, não respeitam esta recomendação. Segundo o grupo de trabalho, os sedimentos retidos artificialmente no areal norte pela ampliação do molhe do Porto da Figueira poderão no futuro ser libertados para resolver o problema de falta de sedimentos na margem sul. As referidas estruturas vão entrar em conflito direto com esta solução.
O mandato deste executivo caminha para o fim, a pressão dentro do PS local para apresentar a “obra do mandato” é inexorável e a construção das referidas estruturas no areal são a melhor obra que se pode arranjar. Já vimos este filme na Figueira durante o mandato de Santana Lopes, já experimentámos esse clima frenesim pela “obra feita”, uma paixão pelo betão que causou danos paisagísticos e arquitetónicos irreversíveis na cidade. Porque é que a obra do mandato não poderia ser de outra índole? Porque é que a obra do mandato não poderia ser encontrar uma solução eficiente para combater a erosão costeira na margem sul? Ou implementar uma solução equilibrada para o excesso de sedimentos na margem norte e devolver a baía a Buarcos? Em suma, uma obra com utilidade a longo prazo, transmitindo às gerações vindouras uma faixa costeira mais segura.
Adaptação de texto publicado no diário As Beiras
