No plenário de setembro do parlamento dos Açores, o Bloco de Esquerda levou a debate uma proposta com o objetivo de criar um regime excecional para a integração de centenas de profissionais em situação precária no serviço regional de saúde.
Estes profissionais estiveram na linha da frente durante a pandemia e foram contratados ao abrigo de regimes excecionais para dar resposta às exigências de uma situação atípica e repentina, que exigiu uma enorme resiliência por parte destes profissionais.
Mas tal como a ex-ministra da saúde, os partidos da direita na região também exigiram mais resiliência a troco de nada, pois chegados à hora da retribuição deixaram estes profissionais na mão, contribuindo para a manutenção da sua precariedade.
PSD, CDS-PP, PPM, CH e IL rejeitaram esta proposta e mostraram novamente que os recursos humanos na saúde são apenas meros elementos para promover a sua propaganda, enquanto deixam colapsar a base do serviço regional de saúde.
É evidente que estes profissionais continuam a ser muito necessários e o aumento da produtividade apenas é possível pelo seu trabalho, mas o desemprego foi a serventia escolhida pela direita.
Recusar a estabilidade destes trabalhadores é desrespeitar o esforço e empenho de quem tanto deu ao nosso serviço regional de saúde.
Em 2020, José Manuel Bolieiro afirmava ter um “projeto para a década” na saúde e educação, mas a este ritmo teremos a decadência na saúde e educação, com um projeto sem rei nem roque que descarta os seus recursos mais preciosos.
Na educação, temos tido um início de ano letivo muito conturbado, com encarregados de educação a fechar escolas a cadeado e manifestações perante a precariedade dos trabalhadores das escolas.
Novamente, o Bloco teve um papel proativo nesta matéria, levando ao parlamento uma proposta para a contratação urgente de funcionários e prorrogação excecional de programas ocupacionais para assegurar o início do ano letivo, que foi aprovado, mas tal como o Bloco advertiu na altura, o Governo nunca teve intenção de a cumprir.
Estes trabalhadores sentem-se descartados pelo Governo Regional e empurrados para o desemprego ou forçados a realizar formações que apenas servem para o Governo resolver o problema da falta de mão de obra no turismo.
Mas como a desorientação do Governo é tanta, o plano escolhido foi acabar com os programas ocupacionais sem ter antes garantida a conclusão dos concursos para a colocação de funcionários nos quadros, algo que o Bloco alertou, mas o Governo ignorou. O resultado está à vista de todos, um início de ano letivo caótico e que não parece melhorar muito em breve, pois o número de vagas abertas para colocação de funcionários nos quadros é significativamente mais baixo do que o número de funcionários que deixarão as escolas por terminarem o programa de emprego em que estão inseridos.
O Governo está a tentar construir uma manta a partir de retalhos, mas descarta as peças principais, esquecendo-se que assim acabará com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma.