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Cinema no feminino

O festival Olhares do Mediterrâneo - Cinema no Feminino arranca esta sexta-feira, afirmar a produção cinematográfica pelas mulheres é fundamental para aumentar a diversidade de olhares sobre um mundo onde tantas vezes as mulheres são invisibilizadas e silenciadas.

O festival Olhares do Mediterrâneo - Cinema no Feminino arranca esta sexta-feira para a segunda edição e durante três dias serão exibidos em Lisboa 30 filmes de cineastas de 12 países entre os quais a Grécia, o Líbano, a Palestina, Portugal. O festival Olhares do Mediterrâneo - Cinema no Feminino é um projeto do grupo Olhares do Mediterrâneo e do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA), com a colaboração da associação Films Femmes Méditerranée (FFM) de Marselha, França, organizadora dos “Rencontres Films Femmes Méditerranée”.

Esta edição acontece entre 5 e 7 de Junho de 2015, no Cinema São Jorge e do programa destaco a homenagem a Bárbara Virgínia, a primeira realizadora portuguesa de cinema, com uma exposição e uma mesa-redonda sobre a sua obra e o seu olhar.

Bárbara Virgínia, que também foi atriz e locutora de rádio, era o nome artístico de Maria de Lourdes Dias Costa, nascida em Lisboa, a 15 de novembro de 1923, falecida no dia 8 de Março deste ano aos 92 anos de idade. Bárbara Virgínia foi a primeira realizadora a dirigir uma longa-metragem de ficção, em Portugal, e a única a fazê-lo durante todo o período do Estado Novo.

Esta homenagem pode ter um papel fundamental para desocultar o papel das mulheres na história do cinema em Portugal. Afirmar a produção cinematográfica pelas mulheres é fundamental para uma produção cultural inclusiva e para aumentar a diversidade de olhares sobre um mundo onde tantas vezes as mulheres são invisibilizadas e silenciadas.

Nesta edição do festival Olhares do Mediterrâneo - Cinema no Feminino também vai ser exibido o filme Água e Sal de 2001 realizado por Teresa Villaverde que mostra a história de Ana, fotógrafa, uma mulher que vive no Algarve, casada, com uma filha, que já não se entende com o marido e que problematiza um quotidiano que nos interpela.

No panorama nacional, de acordo com os dados do Instituto do Cinema e do Audiovisual, das obras cinematográficas, não coletivas, produzidas em 2014, apenas constam a curta realizada por Rosa Coutinho Cabral, intitulada São Miguel Arcanjo n.º 5, o documentário de Aminata Embaló, África Abençoada e as curtas de animação de Marina Palácio, Raquel Silvestre a Pastora, Foi o Fio de Patrícia Figueiredo e Os Prisioneiros de Margarida Madeira.

Urge conhecer, divulgar e apoiar o trabalho das mulheres que fazem filmes em Portugal. Marta Pessoa, Susana Nobre, Catarina Mourão, Cláudia Varejão, Cristine Reeh, Rita Azevedo Gomes, Inês Mendes, Filipa Reis, Alice Guimarães, Mónica Santos e Rita Cruchino Neves são algumas das realizadoras cujo trabalho precisamos conhecer. E continuar atentas ao trabalho de Cláudia Tomaz, Catarina Ruivo e Raquel Freire.

Passar pelo festival Olhares do Mediterrâneo - Cinema no Feminino pode ser um pequeno passo em direção a uma valorização da produção cinematográfica por mulheres e quem sabe a descoberta de novos caminhos para a igualdade.

Sobre o/a autor(a)

Licenciada em Relações Internacionais. Ativista social. Escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990
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