Trata-se do primeiro de uma série de volumes de “Dicionários de História Partidária” que abarcará, com outros autores, os principais partidos portugueses. No caso do Bloco, como tive ocasião de dizer no lançamento do Porto, não pretende ser nem um livro oficial, nem uma publicação “neutra”. As várias entradas traduzem o ponto de vista de quem as escreveu e a sua particular apropriação de alguns dos eixos constitutivos da identidade do Bloco (“Esquerdas Anticapitalistas; Marxismos; Aborto; LGBT; Burguesia; Precaridade; Timor; etc.). Quando muito, proporcionam, talvez para os “não iniciados”, uma espécie de visita guiada ao que tem sido o combate deste partido-movimento.
Num tempo de acelerada despolitização, de política-espetáculo, servida como uma telenovela, este “dicionário” poderá, quem sabe, modestamente, propiciar pretextos de revisitação e de discussão. Mas nem a memória nem o debate são nostalgias: a política é combate, conflito e disputa e creio que tal postura transparece da primeira à última linha.
Se um partido são as suas palavras e as suas imagens (e o livro oferece um caderno colorido com uma antologia dos cartazes do Bloco), de nada servem os símbolos se não forem usados na luta e na transformação. Para fraturar, claro!