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Bem-vindos ao mundo encantado de Tavares

Existem três narrativas diversas sobre as sanções que, apesar de concluírem o mesmo têm pressupostos diferentes. Destas três narrativas duas são realistas e defensáveis, a outra é um mundo encantado muito difícil de acreditar.

Na ordem do dia estão as sanções que a União Europeia (UE) quer aplicar a Portugal por causa do défice de 2015. Todos os quadrantes da política portuguesa se têm mostrado contra estas sanções: da direita à esquerda, de Marcelo a Costa, a unanimidade está mais do que garantida nesta matéria.

Apesar desta unanimidade relativamente às sanções existem três narrativas diversas sobre estas que, apesar de concluírem o mesmo têm pressupostos diferentes. Destas três narrativas duas são realistas e defensáveis, a outra é um mundo encantado muito difícil de acreditar.

A primeira narrativa pertence, embora em termos e graus completamente diferentes, à antiga maioria de direita (PSD\CDS) e ao PS. Ambos partem da mesma premissa : As regras europeias podem ser razoáveis ( para a direita) ou más ( para o PS) mas com uns ajustes aqui e ali e com uma posição mais forte na Europa isto até pode ser que vire.

A segundo narrativa pertence aos outros três partidos que, com o PS, compõem a atual maioria parlamentar: O Bloco e o PCP. Ambos concordam que nesta União Europeia não se respeita a vontade soberana dos povos e que a continuação na Europa é um passo para a implantação dum neoliberalismo ainda mais feroz contra os serviços públicos. Ambos concordam que o Euro é uma aberração que favorece os países mais fortes que impõem medidas de liberalização da economia e ataque aos direitos mais básicos dos trabalhadores.

E depois temos a terceira narrativa, digna de um filme da Disney, perfilhada por Rui Tavares e pelo Partido Livre. Uma consulta ao site do Livre deixa perceber a posição deste partido sobre a UE : Sair da UE? Jamais, isso é um processo de nacionalismo bacoco e um favor à xenofobia ! Cumprir as regras europeias? Jamais, são injustas e um ataque neoliberal à economia. E como se revolve esta contradição : Um 25 de Abril Europeu, um plano Marshall para a Europa e uma refundação da mesma. Isso e os cavalos voarem e as galinhas terem dentes, acrescento eu.

Este romantismo europeu do Livre é uma posição cobarde sobre a UE. Rui Tavares não quer tomar posição , Tavares não aprendeu nada com a Grécia e ainda acredita que a UE até pode ser reformada e que não é assim tão má. Tavares comete o maior erro político: o de querer agradar a gregos e troianos, o meio para não tomar posição, a cobardia do “isto tem de mudar, mas não podemos fazer nada sozinhos”.

Com as pressões da UE , a crise dos refugiados e a ascensão de projetos de extrema direita na Europa a posição de Tavares é um mundo encantado de quem fala sem querer ter alguma responsabilidade.

Nota: Por último uma saudação especial ao Esquerda.net. Parabéns a todos e a todas que fazem o mais completo site de informação à esquerda que existe em Portugal.

Sobre o/a autor(a)

Estudante. Atvista do Bloco de Esquerda
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