Há mais de duas semanas que a floresta da Amazónia arde. Só este ano, foram detetados cerca de 72 mil focos de incêndio, um número duas vezes superior ao do período homólogo. E o mais elevado dos últimos sete anos.
Bolsonaro prometeu, durante a sua campanha, reverter medidas de proteção da floresta e do povo indígena, alegando que os recursos do país deveriam ser explorados de modo “razoável”. Os dados oficiais mostram que a desflorestação da Amazónia aumentou de forma alarmante desde que Bolsonaro subiu ao poder: a área atingida é quase o quádruplo em relação ao ano anterior, passando de 595 quilómetros quadrados em 2018 para 2.250 quilómetros até julho do corrente ano. Os especialistas alertam para as consequências dramáticas desta realidade.
A Amazónia e as florestas tropicais armazenam de 90 mil milhões a 140 mil milhões de toneladas métricas de carbono, ajudam a estabilizar o clima em todo o mundo, são a casa para milhares de espécies de animais, são a casa de pessoas. Preservar e proteger a floresta é também contribuir para salvar o nosso planeta.
Nos dias 10 e 11 de agosto, houve uma manifestação criminosa de apoio a Bolsonaro, proclamada como “Dia do Fogo”. Os donos de grandes terras fizeram queimadas em vários pontos da floresta brasileira, contribuindo assim para a crescente devastação daquele que é um dos maiores pulmões do mundo.
Mas Bolsonaro e o seu governo não querem saber. A floresta arde e nada é feito. A única preocupação do presidente brasileiro é assegurar a exploração económica exaustiva da Amazónia.
A comunidade internacional tem de ser consequente. Não podemos fechar os olhos ao que acontece na Amazónia. Tal como não podemos fechar os olhos face ao que este regime está a fazer ao povo indígena, à forma como a educação no Brasil está a ser dizimada, ao ataque aos direitos de todos os brasileiros e brasileiras.
Não podemos ser indiferentes quando é a própria democracia que está sob ameaça.
Não desvalorizando a tragédia que os incêndios da Amazónia representam, esta situação alerta-nos para outros casos graves e com consequências trágicas.
O incêndio nas Ilhas Canárias levou à fuga de mais de 8.000 pessoas. No Ártico, o fogo substituiu o gelo, com incêndios que duram há três meses e produziram uma nuvem de fumo maior que toda a área da União Europeia. A Sibéria, que, como a Amazónia, é também um dos nossos pulmões, declarou estado de emergência.
Os negacionistas climáticos não podem ditar as tomadas de decisões, e o resto do mundo não pode ficar sentado a assistir enquanto as nossas florestas são devastadas, os animais e as pessoas são chacinadas.
Está em causa salvar o planeta e, infelizmente, não se trata de um conto de ficção científica.