A luta pela justiça climática não pode parar porque os efeitos da crise climática não param. Esta luta terá de intensificar-se, porque a chantagem dos próximos tempos será monumental.
Não há economia nem empregos no colapso climático e a nossa prioridade é salvar as condições que permitam um futuro. Não vamos ficar a rir-nos enquanto constroem a nossa tragédia colectiva.
Sobre Portugal pairam ameaças similares às que se materializam na Austrália e as reformas florestais coladas a cuspo não aguentarão o mais ligeiro abanão.
Entre acreditar em alterações climáticas e defender acções concretas que permitam resolvê-las há ainda muita diferença. A crise climática é uma crise política e não estamos todos do mesmo lado.
As centrais a carvão do Pego e de Sines são responsáveis por até 20% das emissões nacionais de gases com efeito de estufa. O seu encerramento é um passo em frente na efectiva descarbonização.
Recordando Walter Benjamin, talvez a revolução não seja a locomotiva da história, mas o travão de mão quando a história nos empurra para o colapso. Hoje voltamos à rua. Amanhã também.
Com o crescimento eleitoral expectável de partidos verdes, o centro aproxima-se de algumas reivindicações de índole ambiental. Mas será isso suficiente para travar o colapso climático? Dificilmente.
Nesta corrida para o precipício a mediocridade e a cobardia política serão factores tão importantes quanto a negação da ciência, em países muito mais importantes e com muito mais responsabilidades do que Portugal.