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Os enormes lucros da banca com a dívida pública

A continuação da “crise” das dívidas públicas, em Portugal e em outros países europeus, continua a ser uma enorme fonte de chorudos lucros para a banca.

Segundo a imprensa económica, a banca nacional cortou o financiamento às empresas em 6,8 mil milhões de euros este ano. Por outro lado investiu 7,4 mil milhões em dívida pública. A banca continua a cortar no financiamento às empresas nacionais, apesar dos alertas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos apelos do próprio Banco Central Europeu (BCE) que, em dezembro e fevereiro, abriu os cordões à bolsa. Os dois leilões de longo-prazo, promovidos pelo BCE, tinham supostamente por objectivo garantir que a banca europeia teria fundos suficientes para assegurar que o crédito continuaria a fluir para a economia, apesar das necessidades de cumprir com dívida a vencer em 2012.

O bom negócio é tirar dinheiro à economia para lucrar com a dívida pública. Que o diga o BPI que recentemente anunciou os seus lucros.

Nesse último leilão, a banca portuguesa levantou quase 8,8 mil milhões de euros, com uma taxa de juro de 1%. Nos dois meses que se seguiram, os bancos investiram 6,3 mil milhões em títulos de dívida pública nacional. No total os bancos portugueses aumentaram a exposição à dívida soberana do país em 7,4 mil milhões de euros nos primeiros oito meses do ano, de acordo com os dados ontem divulgados pelo Banco de Portugal. Desse montante, 5,4 mil milhões foram canalizados para Obrigações do Tesouro, o que significa que esses títulos terão sido adquiridos em mercado secundário, uma vez que Portugal não emite dívida de médio e longo-prazo desde o pedido de resgate, em Abril de 2011. Ou seja, estas aplicações foram realizadas com o objectivo de investimento e não por necessidade de assegurar o financiamento do Estado.

Os bancos levantaram o dinheiro a 1% no BCE, aplicando-o logo de seguida em títulos de dívida, a taxas que, no caso da dívida portuguesa, atingiam os 15%.

Todo este regabofe terminava, se o BCE financiasse diretamente os estados à mesma taxa que concede à banca. Por isso, jamais veremos Passos Coelho, Vítor Gaspar ou qualquer outro político do “arco de governação”, a defender esta alteração do papel do BCE. Isso era matar a galinha dos ovos de ouro da banca.

Como é que eles garantiriam os seus futuros lugares em Conselhos de Administração?

A “crise”(ou seja, o assalto fiscal e outras espécies de roubos), tem de continuar…

Sobre o/a autor(a)

Professor e historiador.
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