Mário Nogueira, secretário-geral da federação nacional dos professores (Fenprof), declarou à Lusa: “Estamos perante a estupidez assumida pelos responsáveis do Ministério da Educação, isto não tem sentido nenhum”.
Mário Nogueira não ficou surpreendido com o tipo de prova e diz: “Quanto mais idiota esta prova fosse, mais nós deixávamos de estar surpreendidos, porque na verdade esta prova é uma idiotice, não faz qualquer tipo de sentido”.
Salientando que os professores que vão realizar a prova fizeram um curso de formação específica com profissionalização para a docência e que, na maior parte, são “professores que trabalham há 20 anos, que têm tido excelentes, muito bons e bons”, o secretário-geral da Fenprof considera que a prova “é humilhante e inqualificável” e que tem como objetivo “pôr na rua” os professores.
“Inutilidade” da prova
João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE), declarou à Lusa: "A estrutura da prova confirma aquilo que é a nossa impressão de que não serve rigorosamente para nada, que é uma inutilidade, um desperdício de recursos e de energia para que não se prove rigorosamente nada".
Sobre o guia da prova, o secretário-geral da FNE diz ainda que a limitação da expressão escrita "é muito discutível" e que as opções "em relação as respostas de escolha múltipla é um jogo que não se adequa ao que deve ser a avaliação das capacidades e dos conhecimentos" dos professores.
Sublinhando que a avaliação dos professores “foi feita pelas instituições do ensino superior”, João Dias da Silva diz que esta prova “não acrescenta rigorosamente nada” e que "numa prova desta natureza não ficará provado que as pessoas têm competência, conhecimentos e capacidades para serem professores".
Dias da Silva realça ainda que para as pessoas que "já estiveram a trabalhar no sistema educativo esta é uma prova que desconsidera o trabalho realizado".
O presidente da Associação dos Professores Contratados (ANPC), César Israel Paulo, disse à Lusa que o guia é “mais um comprovativo do retrocesso educacional”.
César Paulo declarou ainda: “Nuno Crato tinha surpreendido ao decidir aplicar esta prova verdadeiramente absurda, sem sentido e discriminatória e agora surpreende de novo apresentando um modelo absolutamente redutor e desfasado do que é ser professor no século XXI e do que são as necessidades do sistema público educativo português”.
A prova do descontentamento
Por imposição do governo PSD/CDS-PP, todos os docentes contratados serão obrigados a sujeitarem-se a uma prova de avaliação para poderem ter acesso aos concursos de seleção e recrutamento de professores. Caso tenham resultados negativos, ser-lhes-á negado o acesso a estes concursos. Em caso de avaliação positiva poderão concorrer, tendo de repetir a prova passados cinco anos.
Apenas neste primeiro ano de implementação da medida, os candidatos com cinco ou mais anos de serviço docente que não obtenham aprovação na prova podem ser admitidos aos concursos de seleção e recrutamento de pessoal docente que se realizem até 31 de dezembro de 2014.
Segundo o seu guia, a prova será composta por 32 perguntas de escolha múltipla e por uma redação com 250 a 350 palavras, respeitando o acordo ortográfico em vigor. As perguntas valem 80% da prova e a redação 20%. Os examinandos que, na redação, tenham mais de 10 erros de ortografia, pontuação ou morfologia terão zero valores nessa parte da prova. A prova está marcada para o dia 18 de dezembro e os docentes têm de pagar 20 euros para o ministério de Crato.