O que havia antes de Abril não era glória – era miséria organizada. E é preciso dizê-lo sem medo. Porque há quem queira transformar a fome em nostalgia e a repressão em exemplo. E quem hoje pede o regresso do ditador não quer o país de pé. Quer o país de joelhos perante ele.
Virar à esquerda, neste contexto, é o ato mais lúcido e mais difícil. Porque implica travar. Implica reconhecer que o caminho que a maioria segue não nos serve. Que o nosso sucesso não pode ser construído sobre a miséria dos outros.