José Soeiro

José Soeiro

Dirigente do Bloco de Esquerda, sociólogo.

Anabela, Sofia, Maria e Liliana. É o nome das quatro mulheres que esta semana deram a cara no Parlamento pelas cuidadoras de pessoas com Alzheimer e outras demências ou patologias degenerativas.

Os furos ao longo de toda a nossa costa não têm sentido e a sua autorização deve ser impedida, como muito bem propuseram em conjunto o Bloco e o PAN na semana passada.

Se  sondarmos à nossa volta, a opinião da maioria das pessoas será que Portugal não é um país racista. E no entanto, se começarmos a esgravatar os dados e a fazer perguntas, o retrato da sociedade em que vivemos não é bem esse.

Não há como negar: há hoje um problema no acesso à habitação no Porto, como noutras cidades, e uma das razões tem a ver com os efeitos perversos da pressão descontrolada do turismo.

A polémica foi grande e a perplexidade generalizada: por que razão haveria uma faculdade de cancelar uma conferência de um académico e interveniente político reconhecido? Levantou-se um coro de indignação.

José Manuel Fernandes, que se celebrizou nos tempos em que, enquanto diretor do Público, fez dos editoriais do jornal uma apologia da ocupação e da guerra de Bush Jr., vive agora numa irritação permanente.

Quem tem longuíssimas carreiras contributivas não pode ser obrigado a trabalhar até ao limite das suas forças e da sua vida.

Celebrar aquilo em que o país progrediu é importante, desde logo, como exercício de memória. Mas é mais do que memória num mundo onde os direitos sexuais e reprodutivos voltam a estar sob ameaça.

O paraíso do patrão-padeiro é trabalhar 12 horas por dia sem proteção social nem receber horas extra.

Como responder à armadilha dos mails e dos smartphones utilizados para prolongar informalmente o horário de trabalho? Vamos mesmo aceitar este “novo esclavagismo” em que trabalhamos sem limite?