João Fraga de Oliveira

João Fraga de Oliveira

Inspector do trabalho aposentado. Escreve com a grafia anterior ao “Acordo Ortográfico”

Somos cada vez menos trabalhadores, na medida em que somos cada vez mais consumidores. E vice-versa.

Os actuais problemas humanos e sociais não teriam surgido, se desde o início do trabalho de cada um desses imigrantes lhes tivessem sido concretizadamente garantidas as dignas condições de trabalho que, em Portugal, a qualquer outro trabalhador é conferido.

A precariedade laboral e não só, a estratégia pública não pode limitar-se ao objecto e objectivo da precariedade laboral no Estado (na AP), sendo exigível que, mais alargada e estruturalmente, se projecte e concretize na acção (e proacção), em geral, do Estado na precariedade laboral.

No actual contexto de saúde pública, é no mínimo estranho que haja quem considere prioritária a vacinação como “mais-valia competitiva”, quer na perspectiva de turismo de vacinação, quer na de vacinação do turismo.

Marcelino da Mata foi muito condecorado pelo regime anterior. Não o foi só pelos seus extraordinários (ou ordinários, depende do ponto de vista) actos militares mas, também, como instrumento político para propaganda colonialista a nível nacional e internacional.

Segundo foi divulgado pela comunicação social e por entidades oficiais, a morte de um cidadão ucraniano está associada a métodos de trabalho integrando ofensas corporais e psicológicas utilizados por trabalhadores (inspectores) do quadro de pessoal do SEF.

Para um cidadão comum que nenhuma especial qualificação tem no domínio da saúde, que reflexão e tranquilidade (ou inquietação) pode suscitar tal frase: “a saúde é um direito”?

Todos os dias ouvimos proclamar a “transição digital”. E, mais ou menos associado, o anúncio (ou pelo menos prenúncio) do "fim do trabalho".

A não resultarem das reuniões da Concertação Social, “conselhos” económicos e sociais sobre (outra) posição dos trabalhadores nas relações de trabalho, então, é de admitir que o local de expressão desses “conselhos” venha a ser… a rua.

A AICCOPN propõe uma “plataforma electrónica para controlar a movimentação dos trabalhadores”. E, assume tal proposta não apenas como algo de ordem conjuntural mas, presume-se que com uma perspectiva mais estrutural, como “reforço importante para o futuro".