Francisco Louçã

Francisco Louçã

Professor universitário. Ativista do Bloco de Esquerda.

A indisfarçada impotência do Estado em relação às empresas da energia tem vindo a acentuar-se, ao ponto de estas desmentirem o primeiro-ministro até quando ele anuncia uma medida com impacto público.

Uma das raízes do processo de degradação democrática é a evolução das lideranças políticas norte-americanas, que sobredeterminam o nosso continente. É aí que está o mando.

Se Elon Musk controlar o Twitter, e por via dele Trump, ampliar-se-ão os tradicionais problemas deste tipo de redes, que facilitam os discursos de ódio. O defeito passará a ser o feitio, se já não o era.

A China precisa de tempo. Não tem uma estratégia de colocação de tropas em bases no estrangeiro, ao contrário de Washington, e expande a sua influência por relações económicas.

Será difícil e menos credível reconstituir a frente republicana que se ergueu em 2002 contra o pai Le Pen e em 2017 contra Marine Le Pen. Em consequência, qual será o voto pendular dos descontentes e abstencionistas só saberemos quando as urnas fecharem, e todos os desastres são possíveis.

Se pensa que seria mais razoável agir de forma conclusiva para limitar os preços da energia e domar esta inflação, desengane-se. Porque é que os governantes haviam de fazer o que está certo e beneficia a população se podem optar pelo que favorece uma clientela?

A rede financeira mundial fragmenta-se, com o risco suplementar do bloqueio da oferta de energia e alimentos. Haverá duas internets, dois sistemas de pagamentos e de comércio, duas economias que chocarão entre si.

Cavalgando entre urgências, como agora a da invasão da Ucrânia, a União Europeia desconsidera o desastre climático, que não dá votos, pelo que lhe basta um biombo de declarações piedosas.

O secretário-geral da ONU disse em Londres que se está a agravar o desinteresse dos governos pelos seus compromissos climáticos e que estamos mais longe dos modestos objetivos do Acordo de Paris.

A NATO passou a ser vista como a única garantia da Europa, enquanto Putin, que desencadeou a invasão para trucidar um país soberano, se tornou o homem mais detestado do mundo.