José Manuel Pureza

José Manuel Pureza

Professor Universitário. Dirigente do Bloco de Esquerda

O calvário dos gregos está longe do fim. Mas, indiscutivelmente, esta semana acrescentou um argumento poderoso a favor do imperativo da renegociação da dívida. E isso não é coisa pouca.

Os palestinianos atacam sempre com poucos mísseis mas maus e agressivos e Israel defende-se sempre com muitos mísseis mas bons e defensivos.

Articular a contestação em escala europeia contra a fragmentação nacional das políticas de empobrecimento - eis o valor político principal desta eurogreve.

Obama anuncia, à sua maneira profética, o mesmo que os governantes europeus anunciam com menos elegância oratória: que, sangrado o doente, virá a saúde eterna. Mas, na verdade, o que ele promete é apenas a continuidade da sangria.

O programa da segunda fase do ajustamento estrutural é, pois, o de uma refundação não do memorando mas do regime político em Portugal.

O plano B da troika é a confissão da sua incompetência e a imposição de mais incompetência para a disfarçar.

O País que o Governo quer empobrecer é um país pobre e desigual.

O FMI enganou-se nas contas? Pois então reponha tudo o que por sua incompetência e irresponsabilidade destruiu.

Sem base social, com uma base política oscilante e sem qualquer credibilidade para insistir na estafada retórica da falta de alternativas, o Governo já só tem a troika e mais ninguém a seu favor.

A Espanha é hoje a implosão europeia em escala reduzida.