Francisco Louçã

Francisco Louçã

Professor universitário. Ativista do Bloco de Esquerda.

Este texto é sobre a crise que Schäuble anunciou na despedida na sua última reunião do Eurogrupo, antes mesmo de receber uma nota de cem euros com a sua cara gravada.

Lembra-se dos protestos contra o “politicamente correcto”, que era desnecessário e alarmista? Pois agora temos a prova dos factos.

A acusação da Operação Marquês é gravíssima, pois aponta a corrupção ao mais alto nível do Estado. Mas há outra acusação que não precisa de tribunal.

O Orçamento proposto é razoável no que prossegue mas pouco ousado no que deixa em aberto.

Cá temos então Santana vs Rio. É a principal consequência da eleição autárquica: colapsando para cerca de 10% nas duas principais cidades, todo o projecto do PSD passista falhou.

O sectarismo é uma armadilha para o sectário: prende-o no seu universo. O problema é que não aprender com o próximo não é um ataque nem é uma defesa, é uma fragilidade.

Na sequência das autárquicas, só há uma forma de não perder depois de ganhar: fazer um orçamento ousado na recuperação social.

Se, no conjunto, a confluência maioritária PS-BE-PCP fica reforçada perante a derrota da direita, também é certo que vai ter muito trabalho, que exige muita negociação e criará tensão. É a vida, como dizia um antigo primeiro-ministro, e ainda bem.

Há dois dias realizou-se um referendo acerca da independência do Curdistão iraquiano, conduzida pelo governo regional. Apesar do perigo, a população teve o direito de votar.

Há um nervosismo no ar que só pode surpreender.