“Voto no Bloco é essencial para uma maioria de esquerda que salve o SNS”

25 de fevereiro 2024 - 13:35

Mariana Mortágua frisou que é preciso pôr em prática medidas que privilegiem os cuidados de saúde primários, com serviços de proximidade e equipas de saúde familiar multidisciplinares. “Ninguém se engane: temos de os travar - a AD, IL e Chega - se quisermos salvar o SNS em Portugal”, alertou.

PARTILHAR
Mariana Mortágua em reunião com Comissão de Utentes do Centro de Saúde da Marinha Grande. Foto de Ana Mendes.

Mariana Mortágua, acompanhada por Rafael Henriques, cabeça de lista do Bloco no distrito de Leiria, visitou este domingo o Serviço de Atendimento Permanente do Centro de Saúde da Marinha Grande, onde teve uma reunião com a Comissão de Utentes.

A coordenadora bloquista alertou para a importância dos cuidados de saúde primários, que são uma solução de proximidade para as populações e dão a segurança às pessoas de que no sítio onde vivem, ou nas suas proximidades, têm serviços de saúde, têm uma equipa de saúde familiar”.

Criticando a centralização de todos os recursos nos hospitais, Mariana Mortágua afirmou que não é apenas necessário gerir o que existe hoje no Serviço Nacional de Saúde (SNS), e gerir os seus problemas, mas também “olhar para o SNS do futuro em Portugal”. A líder bloquista referiu que, “se após o 25 de Abril, foi possível construir do nada o SNS”, é possível agora reinventá-lo, recuperando serviços de proximidade que foram perdidos e que hoje não existem”. Por outro lado, é preciso perceber, de acordo com Mariana Mortágua, que “as equipas de saúde familiar já não são apenas o médico de família, são equipas multidisciplinares capazes de dar resposta a várias necessidades da população”, ou seja, não só com médicos e enfermeiros mas também com nutricionistas, psicólogos e dentistas, que possam assegurar a prevenção e o atendimento de proximidade.

Lembrando que, na véspera, num comício em Viseu, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, “reconheceu que as coisas não estão bem no SNS”, a líder bloquista lembrou que o seu partido “alertou, quando saímos da pandemia, para a necessidade de investir no SNS, para evitar o que infelizmente aconteceu: a saída de profissionais e a degradação do serviço”.

“O Bloco tinha razão no alerta e nas soluções, a questão é como é que a partir do dia 10 de março se conseguem pôr em prática as soluções para salvar o SNS”, apontou.

“E a resposta a essa pergunta é uma maioria com a esquerda que dê estabilidade ao país, mas a estabilidade vem das medidas que permitem ter equipa de saúde familiar de proximidade, e é a força do Bloco de Esquerda que pode garantir isso, são os votos no Bloco de Esquerda que podem garantir essas soluções e essa é a nossa batalha nestas eleições”, continuou Mariana Mortágua.

A coordenadora do Bloco deixou claro que “há dois caminhos que não funcionam”.

“Não funciona o sistema do cheque para ir ao privado (…) isso é um sistema espartilhado, mais caro, e em parte a raiz dos problemas que hoje existem no SNS tem mesmo a ver com isso, com o cheque privado, em vez de se conseguir um SNS mais abrangente e mais capaz”, criticou.

Mariana Mortágua referiu que, por outro lado, “não funciona a resposta que a maioria absoluta do PS deu”, que passou por “reorganizar serviços quando não vai à raiz dos problemas que é falta de recursos”, criticando a “falta de visão” para se conseguir “alargar o SNS” e dar-lhe “um novo folgo”.

“E o objetivo do Bloco de Esquerda nestas eleições é ganhar, e ganhar quer dizer duas coisas: quer dizer uma maioria com a esquerda e só uma maioria com a esquerda garante estabilidade ao país e só uma maioria com a esquerda garante que pomos a saúde primária em primeiro lugar, garante médico de família, enfermeiro de família e equipa de saúde familiar”, reforçou.

Sobre a questão dos profissionais, a líder bloquista defendeu que é preciso haver exclusividade mas com melhores condições de trabalho, ao nível do aumento dos salários, que não passe por prémios e horas extraordinárias para lá do limite legal, e perspetivas de carreira.

“Nós combatemos a pandemia porque tínhamos um SNS que foi capaz de dar resposta e merecia muito mais depois da pandemia. Os profissionais mereciam muito mais do que aquilo que tiveram. O Bloco de Esquerda bateu-se por isso e vai continuar a bater-se por isso, e são os votos no Bloco que decidem se é possível e vai ser possível ter medidas para responder pelo SNS e ter um serviço público que responda pelo país”, apelou.

“Ninguém se engane: nós temos de os travar, a eles todos juntos - a AD, IL e Chega - se quisermos salvar o SNS em Portugal”, rematou.

Saúde tem de deixar de ser vista como um negócio”

 

Representantes da Comissão de Utentes, que têm promovido várias iniciativas para que o SAP não encerre, denunciaram os “entraves dos poderes instituídos” à manutenção deste serviço.

“A saúde tem de deixar de ser vista como um negócio”, tem de “servir a todos, para que todos se sintam protegidos”, frisaram.

A Comissão de Utentes alertou ainda para a problemática da escassez de médicos de família, detalhando que, naquele local, dos 39 mil utentes inscritos há 10.050 sem médico de família. “Não aceitamos esta decisão”, frisaram.