Perfuração petrolífera na costa alentejana foi adiada

30 de julho 2016 - 12:12

A Galp decidiu adiar a perfuração na costa alentejana e o seu presidente diz que o contrato de concessão tem de ser revisto. A associação ambientalista Zero congratula-se e considera que o governo tem agora tempo para o “cancelamento total das iniciativas em curso”.

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“é preciso travar este projeto e todas as vozes contam” e apontando: “Não podemos ficar de braços cruzados. É tempo de agir!”
A prospeção de petróleo no Algarve e na costa alentejana tem sido largamente contestada pela população

Na conferência de imprensa sobre os resultados da Galp no primeiro semestre, o seu presidente executivo, Carlos Gomes da Silva, anunciou que o consórcio Galp/Eni não tem condições para avançar este ano com a perfuração do seu primeiro poço petrolífero no offshore do Alentejo.

“Vamos ter que fazer o diferimento dessa exploração para o próximo ano”, disse Carlos Gomes da Silva, segundo a Lusa, e acrescentou: “A concessão termina no final deste ano. Para fazermos alguma coisa ela tem de ser revista”.

O presidente da Galp diz que o adiamento se deve ao prolongamento do prazo da consulta pública, porque assim o consórcio só conseguiria realizar os trabalhos no fim do ano e o prazo para o primeiro furo termina em 2016. A acontecer, a perfuração já só poderá ter lugar no próximo ano, mas mesmo isso é incerto, refere a Lusa.

Carlos Gomes da Silva queixou-se de Portugal ter pouca tradição na prospeção e exploração petrolífera e diz que este adiamento é “uma oportunidade perdida”. O presidente da Galp refere ainda o risco de não encontrar petróleo ou gás em quantidades suficientes é grande e que isso torna o projeto complexo para o consórcio, que quer fazer outros investimentos noutros pontos do globo.

Bloco propôs “suspensão imediata dos processos de concessão, exploração e extração de petróleo”

A Assembleia da República recomendou recentemente a avaliação prévia do impacto ambiental e económico dos projetos de prospeção no Algarve e na costa alentejana e também a suspensão do "desenvolvimento da exploração e extração de petróleo e gás, convencional ou não-convencional, no Algarve”, proposta pelo Bloco de Esquerda. Mas não aprovou a recomendação de “suspensão imediata dos processos de concessão, exploração e extração de petróleo”, que tinha sido apresentada pelo Bloco de Esquerda, em fevereiro passado.

Zero apela a que os cidadãos continuem a “a pronunciar-se negativamente”

Em comunicado, realça: “Governo tem agora tempo para reflexão e cancelamento total das iniciativas em curso; cidadãos devem continuar a pronunciar-se negativamente sobre atribuição de título até 3 de agosto”.

A Zero salienta que se tem pronunciado negativamente sobre a exploração de hidrocarbonetos em Portugal e aponta cinco razões fundamentais: “estudos públicos e consultados são claramente insuficientes”; “custos elevados da prospeção serão utilizados pelo governo e pelo consórcio no futuro, em caso de reversão do processo por decisão política”; “cumprimento da legislação sobre segurança das operações offshore de petróleo e gás”; “prospeção e exploração de hidrocarbonetos em Portugal não é compatível com a política europeia de energia e clima e o acordo de Paris”; “risco, mesmo que diminuto, existe e não compensa”.

A associação apela ao envio de cartas à consulta pública, considerando que “é preciso travar este projeto e todas as vozes contam” e apontando: “Não podemos ficar de braços cruzados. É tempo de agir!”.